‘Sem falsa modéstia, R$ 120 mil (por mês) é irrisório’, diz Dirceu a Moro
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‘Sem falsa modéstia, R$ 120 mil (por mês) é irrisório’, diz Dirceu a Moro


Ex-ministro afirma que emprestava seu nome e seu prestígio às empresas investigadas na Lava-Jato

SÃO PAULO - “Sem falsa modéstia, R$ 120 mil (por mês) é irrisório”, afirmou o ex-ministro José Dirceu ao explicar ao juiz Sérgio Moro os valores cobrados por ele para prestar consultoria. Em depoimento à Justiça Federal na última sexta-feira, o petista disse que os valores cobrados eram baixos em troca dele “emprestar” seu nome e prestígio às empresas investigadas na Operação Lava-Jato.

Dirceu pede ao STF indulto para extinguir pena do mensalão
 O ex-ministro José Dirceu chega à sede da Justiça Federal no Paraná O petista foi ouvido na ação que julga os envolvidos na 17ª fase da Lava-Jato, batizada de “Pixuleco”. Em quase três horas, o ex-ministro se defendeu das acusações do Ministério Público Federal que o aponta como um dos beneficiários do esquema de corrupção da Petrobras.

Dirceu é suspeito de ter recebido mais de R$ 11 milhões de propina através de falsos contratos de consultoria. Em um dos momentos do depoimento, o juiz Sérgio Moro porque a consultoria dele para a Engevix, investigada na Lava-Jato, custava R$ 120 mil por mês.
— Como foi definido esse preço de R$ 120 mil? — perguntou o juiz.
— Sem falsa modesta, R$ 120 mil (por mês) é irrisório — afirmou o ex-ministro
— Quero aproveitar para declarar que estou sendo alvo de notícias, que eu enriqueci. (Dizem) Que eu tenho um patrimônio de R$ 40 milhões. A minha empresa faturou R$ 40 milhões, 85% são despesas, são custeios. Eu ganhei o que ganha qualquer consultor ou advogado, R$ 60 mil, R$ 80 mil por mês — respondeu Dirceu

O ex-ministro explicou ao juiz que, além de emprestar “seu nome e prestígio” às empresas, ele fazia panoramas políticos e econômicos do Brasil e da América Latina.

— Não vou dizer para o senhor que fazia relatórios, que eu dava um tipo de consultoria que eu não dava, porque eu vou faltar com a verdade. Vou fazer um falso testemunho — explicou o ex-ministro — Dei consultoria da 60 empresas nesses anos. Sempre mantive meus clientes informados. Ou meus clientes me ouviam para saber de economia, politica, mercado.

Dirceu disse ainda que durante o julgamento do mensalão sua vida financeira foi “devastada” pela Receita Federal e que “praticamente” recebeu um “atestado de honestidade” do órgão. O petista, contudo, admitiu ainda que errou ao aceitar favores do lobista Milton Pascowitch, um dos operadores do esquema de pagamento de propinas da Petrobras. O lobista teria pago reforma de sua casa no interior paulista.

— Essa residência sofreu uma devassa da Receita Federal por conta da ação penal 470 (mensalão) e todo o meu imposto de renda anterior de cinco anos (foi investigado). Recebi praticamente um atestado de honestidade. Até 2006, Dr. Moro, eu vivia de salário ou de funcionado da Assembleia de São Paulo ou de deputado, ou de presidente do PT. Não tive outra renda.

DIRCEU DIZ QUE NÃO INDICOU DUQUE
O ex-ministro citou o depoimento do ex-presidente Lula à Lava-Jato ao falar do seu papel na escolha de Renato Duque para a Diretoria de Serviços da Petrobras, em 2002. Dirceu disse que apenas avalizava nomes indicados por partidos da base aliada, por ministros e pela equipe de transição.
— Não se pode dizer que eu indiquei o senhor Renato Duque, mas também não se pode dizer que eu não tive participação — disse o ex-ministro
— Vou tomar com base o ex-depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No governo, a indicação, como em todo governo, vem da base partidária do próprio governo, de ministros, parte da equipe de transição, não é uma indicação exclusiva. Isso é uma composição politica como ocorre nos Estados Unidos, Inglaterra e Portugal.

Dirceu explicou a Moro que havia dois nomes para a diretoria de Serviços e que ele apenas deu a palavra final. No dia 22 de janeiro, o lobista Fernando Moura disse ao juiz que após a vitória do PT nas eleições presidenciais de 2002, havia dois indicados à Diretoria de Serviços da Petrobras. Duque, levado pelo então secretário do PT, Silvio Pereira, que estaria na cota do diretório estadual do partido; e Irani Varella, indicado por Delúbio, por recomendação de Dimas Toledo, que foi diretor de Furnas no governo FH e seria ligado ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).

— Simplesmente a indicação decorreu porque setores do PSDB, não vou dizer que é o senador e ex-governador Aécio Neves porque ele não conversou isso comigo e não pediu para mim. O que eu to dizendo é que a informação que me chegou é que havia uma indicação do PSDB em Furnas, que é publica e notória em Minas Gerais e no país, senhor Dimas Toledo. Não digo que é oficial do PSDB, mas é isso. A indicação de Renato Duque permaneceu por causa desse motivo. Não porque houvesse alguma preferência. Não havia nenhuma OBS (observação) profissional com relação ao comportamento dele como cidadão.

EX-MINISTRO DEFENDE VACCARI
O petista defendeu o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, que também é réu da ação relativa a Pixuleco. Ele rejeitou a versão do lobista e delator Milton Pascowitch, dono da Jamp Associados, que afirmou ao juiz Sérgio Moro ter entregado R$ 10 milhões em dinheiro a João Vaccari Neto em uma "mala de rodinhas". As remessas, segundo Pascowitch, eram em torno de R$ 500 mil levadas no diretório nacional do partido entre o fim de 2009 e meados de 2011.

O dinheiro, segundo ele, era destinado às eleições de 2010 e correspondia a propinas de contratos com a Petrobras firmados pelas empresas Engevix, Hope e Personal. Outros R$ 4 milhões foram pagos na forma de doação eleitoral oficial, declarada ao Tribunal Superior Eleitoral. O total chegou a R$ 14 milhões.

— E depois deu R$ 500 mil numa mala que é coisa totalmente inverossímil. Conheço o senhor João Vaccari, fui presidente do PT, fui secretário geral. É impossível que tenha acontecido isso. Levar uma malinha com R$ 500 mil pro João Vaccari. Não é verdade — afirmou Dirceu a Moro.

EX-MINISTRO NEGA COMPRA DE JATO
O ex-ministro admitiu ter recebido favores de investigados da Lava-Jato. Ele admitiu que o lobista Julio Camargo pagava os voos que ele fez durante 2010 e 2011 e negou ter feito “113 viagens”: “Foram apenas umas dezenas. Cerca de uma ou duas de mês”. O petista afirmou que o lobista nunca lhe pediu nenhum favor em troca das viagens. Dirceu disse que os aviões sempre “foram cedidos”.

— Nunca comprei jatos. Tem gente que diz que eu era dono de um terço de avião, tem outros que dizem que eu era dono da metade. Nunca fui dono. Vamos produzir provas.




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