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América Latina faz perguntas incómodas a Barack Obama
Quem é que financia os rebeldes na América Latina? Quem fornece armas à oposição síria? Por que razão os EUA utilizam a duplicidade de padrões na política? Quem permitiu aos EUA espiar os líderes políticos da América Latina? Estas e outras questões desagradáveis foram feitas da tribuna da Assembleia Geral da ONU ao presidente dos EUA por líderes de países latino-americanos.
Foi a presidente do Brasil Dilma Rousseff quem deu o tom crítico às intervenções a partir da tribuna da ONU ao declarar que queria levar ao conhecimento das delegações uma questão importante e significativa. Trata-se da espionagem eletrônica global por parte dos serviços secretos dos EUA, o que provocou indignação da opinião pública mundial, especialmente do Brasil, onde um dos alvos da espionagem foi a própria chefe de Estado. Dilma Rousseff avaliou isso como violação evidente da soberania do seu país. “Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos e civis fundamentais dos cidadãos de outro país”, ressaltou a presidente do Brasil.
“Não há justificação para os argumentos de que a intercetação ilegal de informações e dados destina-se a proteger as nações contra o terrorismo. Estamos, senhor presidente, diante de um caso grave de violação dos direitos humanos e das liberdades civis; de invasão e captura de informações sigilosas relativas a atividades empresariais e, sobretudo, de desrespeito pela soberania nacional do meu país. Fizemos saber ao governo norte-americano nosso protesto, exigindo explicações, desculpas e garantias de que tais procedimentos não se repetirão. Governos e sociedades amigas, que buscam consolidar uma parceria efetivamente estratégica, como é o nosso caso, não podem permitir que ações ilegais, recorrentes, tenham curso como se fossem normais. Elas são inadmissíveis.”
As tecnologias de informação e de telecomunicação não devem transformar-se em campo de batalha e de chantagem, apontou a presidente do Brasil. Ao mesmo tempo, a presidente da Argentina Cristina Fernandez chamou atenção na sua intervenção na Assembleia Geral da ONU para “a necessidade de acabar com a política de padrões duplos”, que pode ser vista, por exemplo, na Síria. Quem é que apoia os insurretos sírios?
“É preciso acabar com a política de duplicidade de padrões. Não se pode compreender os políticos que falam de “guerras justas”. Não existem guerras justas, existe apenas a paz justa. E é preciso resolver o problema sírio a partir destas posições. Quem é que alimenta as forças sírias que lutam contra o governo legítimo deste país? Quem lhes fornece armas? Pois as armas são precisamente o meio que intensifica as chamas da guerra na Síria. Ainda antes da utilização de armas químicas, as armas convencionais ceifaram vidas de milhares e milhares de pessoas. A segurança não pode ser estabelecida por meio da força ou da guerra. A paz e a segurança não podem ser estabelecidas através de métodos de força. Esta é uma tarefa política e não militar. Por isso, saudamos a resolução do Conselho de Segurança desde que ela impeça qualquer intervenção e guerra na Síria. A guerra é a morte.”
Falando a propósito, na opinião de dirigentes do Brasil e da Argentina a atividade conservadora do Conselho de Segurança da ONU tornou-se ultimamente um obstáculo na solução eficiente e rápida de problemas e de crises. O presidente do Chile, Sebastián Piñera, concordou com esta opinião. Ressaltou, em particular, que se “estamos a favor do diálogo e da democracia dentro dos países, então estes mesmos princípios devem ser aplicados também na ONU”. O líder chileno afirmou que é preciso não somente ampliar a composição do Conselho de Segurança mas também alterar os métodos do seu trabalho e da tomada de decisões.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, qualificou a intervenção do presidente dos EUA Barack Obama como cínica. “Ele falou como se fosse dono do mundo inteiro. Mas aqui não existem donos do mundo, cada país é soberano e tem a sua própria dignidade”, disse Morales já numa conferência de imprensa em Nova York.
“A luta contra o terrorismo é o pretexto de que os EUA se valem a fim de controlar o petróleo e conseguir a realização dos seus interesses geopolíticos. Vejam o que fizeram com a Líbia e com as suas riquezas naturais depois de eliminar o regime de Kadhafi. Que armas químicas foram encontradas depois da eliminação do regime de Hussein pela força das armas? Como pode o presidente Obama falar da tribuna da ONU de justiça quando o seu governo é o mais injusto do mundo? Um presidente não pode falar da paz esmagando pela força das baionetas todos os que discordam dos EUA. Quem financia os insurretos nos nossos países? Quem financia os oposicionistas nos nossos países? É o governo dos EUA.”
O presidente afirmou que, depois da expulsão do embaixador dos EUA da Bolívia e da interdição da atividade da Agência de Desenvolvimento Internacional, USAID, a democracia e a estabilidade política no país obtiveram as respectivas garantias. E quantos tratados internacionais relativos aos direitos foram assinados pelos EUA? Praticamente, nenhum. Mas quem fala das tribunas sobre estes direitos são precisamente os EUA... É um cinismo total.
voz da rússia
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