Argentinos marcham contra uso de agrotóxicos e pedem expulsão da Monsanto
Moradores de bairro da cidade de Córdoba sofrem com o uso de pesticidas em plantações próximas
Milhares de argentinos participaram de uma marcha, na noite de quinta-feira (19/07), em Córdoba, contra o uso de agrotóxicos contaminantes e a presença da empresa Monsanto na América Latina. O protesto é realizado a pouco mais de um mês do início do primeiro julgamento realizado no país contra a utilização de agrotóxicos com potencial de contaminação, no bairro cordobês de Ituzaingó.
Segundo os organizadores, a manifestação atraiu cerca de cinco mil pessoas, incluindo organizações sociais e ambientalistas de diversas províncias do país. Uma das presenças destacadas foi a de Nora Cortiñas, presidente da linha fundadora da Associação Mães da Praça de Maio, que afirmou a um jornal local que o uso de agrotóxicos em locais próximos a regiões povoadas e a mineração a céu aberto “também são violações aos direitos humanos”.
A marcha, realizada em direção à prefeitura, pedia, além do fim das fumigações em plantações locais, a retirada da empresa Monsanto da América Latina. Com máscaras cirúrgicas protegendo o rosto, os manifestantes denunciavam riscos para a saúde ocasionados pelo uso extensivo de agrotóxicos, razão do julgamento iniciado em junho contra dois produtores agropecuários e um aplicador aéreo de agrotóxicos. Em referência à prática, os manifestantes levantavam pequenos aviões fosforescentes.
O julgamento teve início após a abertura de uma ação, pelo ex-subsecretário de Saúde da cidade, Medardo Ávila Vásquez, pelo alto número de doentes por patologias supostamente relacionadas à fumigação com químicos. Um dos casos mais simbólicos – e inspiradores do processo- é o de uma recém-nascida, morta com apenas três dias de vida por insuficiência renal.
Consternada pela perda, sua mãe, Sofía Gatica, começou a averiguar as possíveis causas da morte e constatou que a região apresentava altas taxas de defeitos congênitos, doenças respiratórias e mortalidade infantil. Neste último caso, a média regional ultrapassava em 40 vezes o índice nacional.
Gatica se aliou a outras mães, no grupo “Mães de Ituizangó”, para empreender uma batalha contra o uso desregulado de agrotóxicos da Monsanto. A luta levou a que a Suprema Corte da província proibisse a fumigação com produtos químicos em plantações próximas a regiões povoadas e maiores limites para a aplicação destes.
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