As consultorias de Palocci
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As consultorias de Palocci


O ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda Antonio Palocci ganha dinheiro, muito dinheiro, como consultor. Entre janeiro de 2008 e abril de 2015, a empresa do petista Projeto Consultoria Empresarial e Financeira, que tem quatro funcionários, e outras associadas a ele movimentaram R$ 216,2 milhões. Desse total, R$ 185,2 milhões estão relacionados a uma conta da Projeto. Devido ao grande fluxo de recursos, Palocci e sua consultoria foram alvo de ao menos 11 relatórios de inteligência financeira do Coaf. Todos apontaram transações suspeitas.

O mais recente deles, que mapeia o período de 20 de junho de 2011 a abril de 2015, afirma que a consultoria de Palocci registrou entrada de R$ 52,8 milhões em seu caixa.  Embora não seja o maior irrigador das contas da Projeto, a relação do grupo automotivo Caoa com Palocci é a que chama, neste momento, mais a atenção dos investigadores do MP e da PF. A montadora é investigada tanto na Zelotes como na Acrônimo por suspeitas de compra de medidas provisórias e portarias do governo Lula e Dilma. O empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, conhecido como Doutor Caoa e acrônimo de sua empresa, é cliente antigo de Palocci.

Entre julho e dezembro de 2010, quando o petista coordenava a campanha presidencial de Dilma e foi escolhido para ser o chefe da Casa Civil, a Caoa pagou R$ 4,5 milhões a ele. O ex-ministro disse que foi contratado para ajudar a empresa a procurar um parceiro chinês. No entanto, Palocci só viajou para a China em outubro de 2013, quatro meses após o fim de seu último contrato com a Caoa. Em março de 2010, o grupo automotivo foi beneficiado com a conversão em lei da Medida Provisória 471. Segundo investigações da Zelotes, a Caoa participou de um esquema de lobby no governo e no Congresso para aprovar essa MP. Naquele momento, Palocci era deputado federal – e tinha uma boa articulação com o governo e o Congresso.

FARTURA A empresa de Palocci movimentou as maiores quantias. O relatório (acima) mostra, entre seus clientes, a Caoa, suspeita de comprar uma medida provisória (Foto:  )

Entre junho de 2012 e junho de 2013, já no setor privado, a consultoria de Palocci voltou a receber dinheiro da Caoa. A empresa do ex-ministro embolsou R$ 5,3 milhões da montadora. Ao longo de 2013, foi discutida no governo e no Congresso a renovação dos benefícios fiscais concedidos em 2010. Em maio de 2014, esses benefícios viraram lei. O MPF suspeita que a Caoa tenha atuado no “submundo da compra de legislação”.
A maior parte dos recursos que ingressaram na firma do ex-ministro, porém, provém das contas do bilionário Edson de Godoy Bueno, dono da rede de laboratórios Dasa – que pagou R$ 20 milhões pelos conselhos do petista. Em outubro de 2012, Bueno vendeu por R$ 6,5 bilhões sua participação na operadora de plano de saúde Amil para a americana UnitedHealth. Para fechar esse negócio, aprovado em apenas 15 dias pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, o empresário contou com a assessoria de Palocci. “Ele é um gênio. Na negociação com os gringos da UnitedHealth, ele deu um show. Foi melhor que os banqueiros e advogados. Ele entende muito de avaliação de empresa”, diz Edson Bueno.

Foi exatamente por causa de suas consultorias que Palocci caiu da Casa Civil em sua última passagem pelo governo. O ex-ministro havia multiplicado seu patrimônio em 20 vezes prestando serviços para grandes empresários ao longo do segundo mandato de Lula. Hoje, esses valores são uma fração, segundo os analistas financeiros, das movimentações efetuadas por Palocci.

Procuradores do MPF encontraram indícios de que o ex-ministro da Casa Civil prestou consultorias de fachada para grandes empresas durante seu mandato como deputado e em meio à campanha presidencial de Dilma em 2010. No período eleitoral daquele ano, no intervalo de apenas um mês, entre maio e junho de 2010, a Projeto recebeu uma bolada de R$ 15,6 milhões. Um de seus clientes era o grupo Pão de Açúcar. A companhia varejista, que era tocada por Abilio Diniz, pagou R$ 5,5 milhões para Palocci, utilizando como intermediário o escritório de advocacia do criminalista Márcio Thomaz Bastos, morto em novembro de 2014. Após uma auditoria realizada na empresa, não foi identificado nenhum tipo de prestação de serviço do ex-ministro. De acordo com relatório do Coaf obtido por ÉPOCA, Abilio pagou mais R$ 1,8 milhão para a Projeto por meio da Paic Participações, empresa da família Diniz, após Palocci ter deixado o Planalto.

Os procuradores da Lava Jato analisam atentamente o fluxo de dinheiro nas contas de Palocci e da Projeto. Em julho deste ano, a PF abriu uma investigação para apurar se o ex-ministro pediu R$ 2 milhões a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, para a campanha de Dilma em 2010. Em delação premiada, o lobista Fernando Baiano confirma que o dinheiro do petrolão foi entregue, a pedido de Palocci, para o comitê eleitoral em Brasília.

De acordo com o relatório do Coaf, desde que saiu do governo Palocci repassou R$ 8,4 milhões da Projeto para sua conta bancária pessoal. Uma parte do dinheiro, R$ 2,9 milhões, foi destinada a sua filha para aquisição de um apartamento. Outra soma expressiva foi enviada ao designer de interiores irlandês Fergal Patrick Prendergast, que atua no Rio de Janeiro – o designer não quis explicar ao banco a razão do depósito. Foi uma transação imobiliária de R$ 1,4 milhão.  No dia 27 de agosto de 2012, o ex-ministro comprou três apólices de seguro no valor total de R$ 1,02 milhão. Palocci também fez aplicações no valor de R$ 4,5 milhões. As operações financeiras envolvendo Palocci e sua empresa Projeto foram enquadradas pelo Coaf como “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente”.

Palocci, por meio de seu advogado José Roberto Batochio, confirma que sua empresa, a Projeto, prestou consultorias econômicas para a Caoa, para Abilio Diniz e para Edson Bueno.  “Não há relação alguma entre o serviço prestado pela Projeto para a Caoa e a aprovação de medidas provisórias”, afirma Batochio. Sobre seguro de vida contratado pelo ex-ministro, o advogado disse que Palocci fez a operação porque teve a consciência que é “humano e mortal”. Em relação às acusações de Baiano, o criminalista afirmou: “É mentira já desmascarada pelo personagem Paulo Roberto Costa”, diz. Procurada, a Caoa afirma que “nem Antonio Palocci e nem qualquer outra pessoa jamais atuou pela empresa na tramitação ou edição de qualquer medida provisória”. Sobre as consultorias prestadas pela Projeto, a companhia reitera que “não possui parceria e nem contrato com nenhuma das duas empresas citadas” e que a empresa de Palocci prestou “consultoria para a Caoa em dois períodos, de 2008 a 2010 e 2012 a 2013, nas áreas de planejamento estratégico, econômico, financeiro e relações internacionais”. Abilio Diniz disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que Palocci produziu relatórios econômicos e políticos como outra consultoria qualquer.





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