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Brasil abandona companhia de países bolivarianos e quer ampliar parcerias com potências mundiais
Indicado pelo presidente interino Michel Temer para chefiar a embaixada do Brasil em Washington, um dos postos mais prestigiados da diplomacia nacional, o embaixador Sérgio Amaral diz que o governo brasileiro quer "ampliar as relações com as cinco potências [EUA, China, Rússia, França e Reino Unido] que compõem o equilíbrio multipolar".
A fala reforça a mudança no discurso sobre a política externa brasileira e contrasta com a postura das gestões anteriores, que diziam privilegiar as relações com países emergentes e a chamada cooperação Sul-Sul (leia-se bolivarianos e ditaduras de republiquetas africanas).
Em entrevista à BBC Brasil por telefone na tarde de terça-feira, na qual demonstrou impaciência em alguns momentos, Amaral disse que priorizará no novo cargo áreas em que Brasil e EUA têm maior convergência, como direitos humanos e meio ambiente, e que retomará negociações para a construção de "parques temáticos ambientais" na Amazônia.
"Temos um grande número de projetos de cooperação expressos em mais de 50 comissões, acordos, memorandos, projetos - seja de governo a governo, seja com grande participação do setor privado. Então temos aí uma base muito boa sobre a qual trabalharmos", ele diz.
Amaral, de 72 anos, foi porta-voz do presidente Fernando Henrique Cardoso e ministro do Desenvolvimento e Comércio Exterior no governo do tucano. Como diplomata, chefiou as embaixadas do Brasil em Paris, em Londres e junto à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Antes de aceitar o convite para voltar ao Itamaraty, passou um longo período no setor privado e se tornou conselheiro de várias empresas e organizações, entre as quais a petrolífera Total, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a ONG WWF.
Ambição 'bem maior'
O embaixador rebate avaliações de que a política externa brasileira havia se tornado menos ambiciosa no governo Temer.
No discurso de posse no Itamaraty, Serra não listou entre suas prioridades a obtenção de uma vaga permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU, um objetivo antigo do país. O chanceler também pediu estudos que identificassem embaixadas brasileiras na África e no Caribe que pudessem ser fechadas.
Serra disse que a diplomacia voltaria a refletir os interesses do Estado brasileiro, e não as
"conveniências e preferências ideológicas de um partido político", e que medidas que possam ter servido ao interesse nacional em outros momentos
"podem não ser mais compatíveis com as novas realidades do país".
Alguns analistas e diplomatas - como o embaixador Celso Amorim, que chefiou o Itamaraty nos anos Lula - criticaram a nova postura e disseram que ela faria o Brasil perder importância no mundo.
Para o embaixador Sérgio Amaral, porém, o governo Temer sinaliza uma ambição
"bem maior" do que a da gestão anterior ao buscar ampliar os laços com as principais potências globais. Ele afirma ainda que o fato de Serra não ter citado o Conselho de Segurança não significa que o país não queira a vaga. Sobre a África,
"a única menção é que talvez tenhamos embaixadas demais lá" e que é preciso
"reavaliar as prioridades num momento em que faz redução de despesas".
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