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Celso Amorim critica ações da OTAN fora de sua área: "ISSO NOS INCOMODA"
“O ministro da Defesa, Celso Amorim, se mostrou reticente sobre operações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) fora de locais previstos para operações. "Ontem era a Líbia, é verdade que com um mandato [cinicamente distorcido] do Conselho de Segurança (da ONU) e da Liga Árabe. Amanhã poderia ser na África Ocidental e aí a OTAN se aproximaria do Brasil. Isso nos incomoda", afirmou, em entrevista publicada nesta quinta-feira no jornal francês "Le Monde".
A respeito da cooperação com a Argentina, Amorim afirmou que "é essencial para toda a América do Sul" e disse que nenhum dos vizinhos constitui ameaça para o Brasil. "Mas a defesa não precisa de um inimigo identificado. Assim, a complexidade da vigilância da Amazônia exige tecnologias avançadas", disse.
Sobre o potencial de produção de alimentos e de água brasileiro, Amorim afirmou: "temos que estar prontos para defendê-los em caso de conflito entre potências que careçam deles. Também há grupos criminosos, narcotraficantes e outros atores".
COMPRA DE CAÇASO ministro afirmou que os critérios econômicos serão mais fortes na decisão sobre a renovação da frota de aviões de combate, entre o caça americano F-18, o francês Rafale e o sueco Saab. "A consideração fundamental para tomar uma decisão é de ordem financeira e econômica", afirmou Amorim, em entrevista ao jornal francês "Le Monde", publicada na quinta-feira.
"Entramos em período de incertezas. O Brasil vai bem, mas não sabemos quais serão as consequências da crise internacional para nossa economia. É preciso ser prudente, esperar o bom momento", disse. Ele não quis dar prazo para a decisão, mas considerou a possibilidade de divulgar a escolha em 2012. O ministro, que no governo anterior ocupou o Ministério de Relações Exteriores, fez uma vista de dois dias a Paris que terminou na quarta-feira.
Amorim foi recebido pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, e por seus ministros de Relações Exteriores, Alain Juppé, e Defesa, Gérard Longuet. O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que encontrou Sarkozy em Paris na sexta-feira em uma conferência do G20, tinha demonstrado ao líder francês em 2009 a intenção de optar pelo Rafale, fabricado pela Dassault. Apesar disso, os militares brasileiros [segundo opinião do portal "Terra"] preferem o F-18 e, inclusive, o Gripen ao caça francês.
Sobre a transferência de tecnologia, que aparecia como ponto chave das negociações para a escolha do avião de combate francês, Amorim afirmou que a "cooperação no submarino nuclear [os franceses não cooperarão na parte nuclear] conseguiu superar os obstáculos". O ministro fez alusão ao acordo que estabelece a venda da França ao Brasil de cinco submarinos de propulsão nuclear [engano do "Terra": os submarinos são de propulsão convencional. O Brasil planeja fazer, por sua conta, uma versão com propulsão nuclear] do tipo Scorpène com transferência de tecnologia. Algo semelhante ocorrerá com 50 helicópteros de transporte militar Eurocopter EC725, que, no futuro, também serão fabricados no Brasil.”
Gilson Sampaio
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