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China 'lamenta' ampliação de zona de identificação aérea sul-coreana
Decisão de Seul é uma resposta à medida chinesa de expansão de seu espaço aéreoA China lamentou a decisão sul-coreana de ampliar em direção ao sul sua zona de identificação de defesa aérea e pediu que Seul aborde a situação na região de maneira “prudente e apropriada”. Em sua entrevista coletiva diária, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hong Lei, afirmou nesta segunda-feira que o governo local expressou a Seul sua posição sobre a expansão da zona aérea, que agora se sobrepõe à zona de defesa declarada por Pequim em 23 de novembro no mar da China Oriental.
A ampliação da área sul-coreana inclui agora uma ilhota submergida cuja soberania é disputada pelos dois países. “A China lamenta a decisão da Coreia do Sul de expandir sua zona de segurança aérea”, disse Hong. O porta-voz, no entanto, ressaltou que seu país “permanecerá em comunicação com Coreia do Sul sob o princípio da igualdade e do respeito mútuo
A Coreia do Sul anunciou nesta segunda-feira que aumentará a vigilância em sua nova zona de identificação de defesa aérea após tomar a decisão de ampliá-la pela primeira vez em seis décadas como resposta ao novo traçado da China. A área inclui agora o espaço aéreo sobre Ieodo, uma ilhota submergida sobre a qual Seul exerce controle por ter instalado em sua área uma plataforma de pesquisa científica. O governo chinês reivindica sua posse.
Quando em 23 de novembro a China anunciou a criação de sua nova zona de defesa aérea, Coreia do Sul e Japão denunciaram que a demarcação se sobrepõe a de ambos os países e abrange a ilha de Ieodo e o arquipélago Senkaku – administradas por Tóquio mas reivindicada por Pequim, que a chamam de Diaoyu. A Coreia do Sul, em linha com o Japão e os Estados Unidos, decidiu não reconhecer a nova zona da China e enviou aviões militares que penetraram em seu perímetro sem notificar Pequim e sem que ocorresse nenhuma resposta militar. (Com agência EFE)
Entenda como ilhotas colocaram a China contra o JapãoA soberania de oito ilhas rochosas provocou crise diplomática entre dois fortes parceiros comerciais e desatou uma onda de protestos anti-Japão em cidades chinesas.
Qual é o contexto histórico da disputa?A disputa pelas ilhas data de 1895. Segundo o Japão, nessa época a China cedeu o território ao perder a guerra sino-japonesa. A China diz que o Japão tomou ilegalmente o território ao forçar a dinastia Qing a assinar o Tratado de Shimonoseki. Durante a II Guerra Mundial, os Estados Unidos administraram as ilhas, mas as devolveram ao Japão em seguida.
A China diz ter recuperado a soberania das ilhas após o conflito com a Proclamação de Potsdam, de 1945, mas o Japão diz que elas não estavam incluídas em um acordo posterior, o Tratado de Paz de San Francisco, de 1951. Em 1971, tanto China como Taiwan declararam soberania sobre as ilhas e, desde então, a questão virou um entrave diplomático.
Por que as ilhas são importantes? Além da questão histórica, há a questão econômica. Aparentemente, um grupo de oito ilhas vulcânicas inabitadas e rochosas, com uma área total de sete quilômetros quadrados, não tem muita importância. No entanto, elas ficam em uma posição estratégica para embarques de mercadorias e para a pesca. Além disso, há na região um grande potencial para exploração de gás natural.
Quem iniciou a campanha para a compra da ilha? A ideia da compra começou com uma campanha de Shintaro Ishihara, governador de Tóquio (com 37 milhões de habitantes, a Grande Tóquio tem um governo próprio). Ishihara é um célebre escritor japonês que ficou conhecido ao escrever o livro Season of the Sun (Temporada do Sol, em tradução livre do inglês), com o qual ganhou o mais alto prêmio literário do país. Ele é um nacionalista declarado, com um longo histórico de ataques à China. Com a aparente aprovação do governo japonês, Ishihara fez uma bem-sucedida ‘vaquinha on-line’ para angariar fundos para comprar as duas ilhas de seus proprietários privados (as ilhas pertenciam a japoneses).
Quem comprou as ilhas? Diante da possibilidade de as ilhotas ficarem sob a jurisdição de Tóquio, o governo japonês antecipou-se e comprou-as por 2,05 bilhões de yens (cerca de 52 milhões de reais). “As ilhas Senkaku são uma parte do território japonês, tanto historicamente como por lei internacional. Então não há problema de soberania territorial”, disse, na época, o primeiro-ministro do Japão Yoshihiko Noda.
Qual foi a reação da China? A China enviou vários navios de patrulha à região das pequenas ilhas. Em junho, o porta-voz da chancelaria chinesa, Liu Weimin, já havia classificado a tentativa de Ishihara de comprar as ilhas de ‘irresponsável’. E acrescentou que o território era da China por direito.
Como surgiu a onda de protestos? Ainda durante a campanha de Ishihara, as primeiras manifestações começaram a surgir. Em agosto, o Japão deportou 14 chineses que protestavam no país. Em seguida, após a China enviar navios de patrulha para o território, o Japão hasteou sua bandeira nas ilhotas.
A reação japonesa irritou os chineses, que finalmente tomaram as ruas de grandes cidades, como Guangzhou, Shenzhen, Shenyang, Hangzhou, Harbin e Qingdao. Funcionários de empresas japonesas instaladas na China também protestaram, com quebra-quebra nos locais de trabalho. Empresas como Panasonic e Honda tiveram de paralisar suas produções no país.
Quando ocorreu o último incidente na região? Em 2010, o Japão deteve o capitão de um pesqueiro chinês que atuava na região. O incidente provocou uma série de protestos na China. O capitão foi libertado 15 dias mais tarde, após Pequim suspender temporariamente suas relações de alto nível com Tóquio.
A disputa está limitada às águas que banham as ilhas? Não. Tanto o Japão quanto a China levaram a disputa para o espaço aéreo das ilhas. Após formalizar diversas reclamações contra drones (aeronaves não pilotadas) chineses que estariam infringindo o seu espaço aéreo, o governo japonês designou jatos para sobrevoar a região e retaliar o que seria uma provocação chinesa. Em outubro de 2013, o ministério da Defesa do Japão disse que derrubaria qualquer drone estrangeiro que se aproximasse do seu espaço aéreo sem autorização. A declaração irritou Pequim, que emitiu em novembro uma determinação que incluía a região em uma nova zona de defesa aérea. Os Estados Unidos, no entanto, desafiaram as autoridades chinesas e realizaram um exercício aéreo sobre Senkaku com dois aviões.
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