Não se passou nem uma semana após ter perdido o cargo, e a presidente afastada Dilma Rousseff já começa a experimentar o gosto amargo do ostracismo político. Sem ter o que fazer no Palácio da Alvarada e sem agenda de compromissos, Dilma estaria completamente sozinha, não fosse a presença esporádica de seus poucos assessores.
O ex-presidente Lula tem evitado visitar Dilma, desde o seu afastamento. Boa parte de seus ministros e secretários lhe viraram as costas, enquanto tentam bajular o novo governo e sua base aliada em busca de indicações para novos cargos. Dilma tentou agendar um encontro com senadores que votaram contra o impeachment durante a tarde de ontem, mas nenhum deles se aceitou comparecer no horário determinado por ela. O senador Humberto Costa afirmou que poderia ir ao encontro, mas apenas na parte da noite, de preferência após as 20 horas.
Os assessores de Dilma se esforçam para manter uma agenda mínima ao longo dos próximos meses, mas estão encontrando dificuldades em promover encontros com líderes influentes. O máximo que conseguiram para esta semana, foi um grupo de teatro amador de Brasília. Dilma pediu para manter o encontro em segundo plano, para o caso de não conseguir agendar algo mais importante.
Interlocutores do partido afirmam que Dilma delira e ainda acredita que uma mega manifestação popular seria capaz de reverter sua situação no Senado. Pessoas próximas asseguram que Dilma ainda não se deu conta de que nem ela nem o partido são mais capazes de mobilizar a população. O partido reconhece que as pequenas manifestações, que contam apenas com a presença de militantes remunerados, estão surtindo efeito negativo na sociedade.
Os aliados de Dilma admitem que desde a prisão do casal de marqueteiros do PT presos na Lava Jato, João Santana e Mônica Moura, a presidente afastada tem encontrado dificuldades em encontrar uma narrativa mais eficaz em sua defesa. Dilma era muito amiga de Mônica Moura e frequentadora assídua do Palácio da Alvorada. A presidente afastada se sentiu profundamente traída pelo casal de marqueteiros e evita tocar no nome da publicitária.
O ex-presidente Lula também já avisou que não acredita que a mobilização das ruas possa reverter a situação de Dilma. O petista prefere apostar no desgaste do governo Temer e mirar naqueles senadores que disseram que estavam aprovando apenas a admissibilidade do processo.
No partido, há um consenso de que Dilma se tornou apenas uma causa que simboliza a única bandeira que restou, no caso, a frágil narrativa do golpe das elites. Como pessoa, Dilma se tornou irrelevante. Dilma está sozinha, lutando contra o golpe através do Facebook
fonte: impresaviva