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Dilma promete à CUT e ao MST transição 'bolivariana' se voltar ao governo
A presidente afastada, Dilma Rousseff, recebeu nesta terça (14) no Palácio da Alvorada senadores, presidentes de partidos políticos e integrantes de movimentos sociais para tentar buscar um consenso sobre o plebiscito para a convocação de novas eleições presidenciais.
Segundo a reportagem apurou, Dilma queria afinar o discurso entre parlamentares e líderes da base social do PT, que ainda não chegaram a um acordo sobre o assunto, e se comprometer, caso seja reconduzida ao Planalto, a fazer um "governo de transição" com "acenos à esquerda" e mudanças na política econômica.
Um novo encontro ficou marcado para a próxima terça-feira (21), também no Alvorada, com a promessa de todos os participantes de "avançar na discussão".
"Vamos conseguir a unidade em torno de um plebiscito e de uma carta para a transição", disse à reportagem o senador Roberto Requião (PMDB-PR).
O peemedebista tem sido um dos principais articuladores da proposta e promoveu um jantar na semana passada com cerca de 25 senadores para discutir a ideia.
Dilma tem sinalizado a aliados que aceitaria propor a consulta popular caso voltasse ao cargo, desde que a ideia tivesse apoio dos movimentos sociais e surja como uma "demanda das ruas". A petista escreveria ainda uma carta com uma autocrítica de seu governo e proporia, até a realização das novas eleições, fazer uma "transição" com mudanças na economia que garantissem a geração de emprego e o crescimento do país.
O descompasso para que o projeto caminhe, porém, está na própria base social do PT. Enquanto o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, apoia a ideia de novas eleições, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), de João Pedro Stedile, e a CUT (Central Única dos Trabalhadores), de Vagner Freitas, ainda resistem à proposta.
Stédile, por exemplo, não compareceu à reunião desta terça no Alvorada. Seu representante foi Alexandre Conceição, da direção nacional do MST. Freitas e Boulos, por sua vez, estavam presentes, além dos presidentes nacionais do PT, Rui Falcão, do PDT, Carlos Lupi, e do PC do B, Luciana Santos.
DIFICULDADESSenadores que estiveram no Alvorada afirmam que, apesar das dificuldades, Stédile e Freitas "têm revisto suas posições" e que Dilma fez uma fala cautelosa nesta terça, para evitar melindres entre os dirigentes sociais.
A promessa de que terá disposição para deixar a Presidência da República caso seja livrada do impeachment pelo Senado é o principal argumento que aliados da petista têm usado para tentar reverter votos contra sua cassação -ela precisa de 27 votos para voltar ao Planalto e teve 22 na primeira fase do processo na Casa.
Mesmo com toda a mobilização, pessoas próximas a Dilma afirmam que ainda é "muito difícil" contar com uma mudança de cenário na votação final do impeachment.
Os principais articuladores da proposta reconhecem que há também um entrave jurídico à viabilidade das novas eleições: além da renúncia de Dilma, seria preciso a renúncia de Temer para fazer a proposta andar.
No Congresso, inclusive, os aliados do presidente interino dizem que a medida é inconstitucional, porque implica no encurtamento do mandato.
Do lado de Dilma, seus aliados já trabalham com um cronograma possível para o plebiscito e assumem que "haverá discussão" sobre a questão de Temer. Mas alegam que, caso a pressão venha das ruas, o peemedebista "não terá força política" para impedir que haja novas eleições presidenciais.
O plebiscito poderia ser convocado para outubro de 2016, junto com as eleições municipais, mas a data de um novo pleito presidencial ainda não é consenso entre os aliados de Dilma.
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