A presidente afastada Dilma Rousseff se queixou neste feriado de Corpus Christi com um de seus auxiliares sobre as traições de que tem sido vítima e afirmou que a última semana foi a pior de todas, desde seu afastamento. O comentário foi feito pouco antes de embarcar para Porto Alegre, onde mora sua família. Apesar de ter iniciado sua trajetória política na cidade, a presidente afastada não tem previsão de nenhum compromisso externo na capital gaúcha.
Embora tente manter uma agenda mínima, interagindo com internautas e mantido encontros com representantes de movimentos sociais para defender sua gestão, além de criticar o governo interino de Michel Temer, Dilma se ressente do abandono político.
Durante jantar na última terça feira no Palácio da Alvorada, apenas 12 dos 22 senadores convidados por Lula compareceram. Na ocasião, o ex-presidente estava irreconhecível, afirmou Dilma. Pela primeira vez, ele conversou em público sobre seu desejo que a presidente afastada convoque eleições gerais, caso consiga voltar ao governo.
Lula falou abertamente aos presentes que Dilma não tem mais condições de governar o país e se retirou do local alegando um outro compromisso. Ela ficou calada durante todo o tempo e não conseguiu esconder o constrangimento perante os convidados. Poucos minutos após a saída de Lula, por volta das 22h, os senadores também se despediram e deixaram o Alvorada.
Um dos senadores tentou justificar o comportamento do ex-presidente, alegando que a ira de Lula não era contra Dilma, mas sim contra o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que praticamente antecipou a delação de Marcelo Odebrecht sobre o envolvimento dela nos desvios da Petrobras. Em outra conversa, Machado falou sobre a chance de Lula ser poupado no acordo de delação da Odebrecht.
A gravidade da fala do Sarney pegou todo mundo de surpresa, afirmou um senador aliado, se referindo à frase de José Sarney na gravação com Sérgio Machado: ‘Vão pegar a Dilma’, disse Sarney em diálogo sobre delação de Odebrecht.
A comissão do impeachment retomou esta semana análise do pedido de abreviação do mandato da presidente. Dilma também está apreensiva, pois tem até 1º de junho para apresentar sua defesa prévia ao colegiado.