A duração da nossa vida é de setenta anos; e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, a medida deles é canseira e enfado; pois passa rapidamente, e nós voamos. Salmo 90:10
IMAGINE estar sempre na flor da idade; sempre ter saúde excelente e mente aguçada. Essa perspectiva maravilhosa parece mera fantasia para você? Então considere este fato curioso: enquanto algumas espécies de papagaio podem viver até cem anos, os camundongos raramente passam dos três anos. Tais diferenças de longevidade levaram alguns biólogos a concluir que o envelhecimento deve ter uma causa e que, se tem uma causa, talvez tenha uma cura.
As indústrias farmacêuticas investem muito em pesquisas para tratamentos eficazes contra o envelhecimento. Retardar o envelhecimento tem se tornado um assunto de interesse para os que nasceram depois da Segunda Guerra Mundial e agora estão chegando aos 60 anos.
O estudo do envelhecimento também se tornou uma grande prioridade para muitos pesquisadores nas áreas de genética, biologia molecular, zoologia e gerontologia. O livro Why We Age (Por Que Envelhecemos), de Steven Austad, diz: “Atualmente, quando os gerontologistas se reúnem, há no ar uma empolgação controlada, mas perceptível. Estamos quase desvendando os processos fundamentais do envelhecimento.”
Existem muitas teorias para explicar o envelhecimento. Uma delas é que ele ocorre por causa do desgaste celular; outra é que o envelhecimento está geneticamente programado. Alguns dizem que a explicação certa envolve as duas teorias. O que se sabe sobre o processo do envelhecimento? Podemos esperar que se encontre um tratamento eficaz?
“O homem nascido de mulher vive pouco tempo e passa por muitas dificuldades.” — JÓ 14:1, NOVA VERSÃO INTERNACIONAL.
VOCÊ talvez já tenha imaginado que todas as criaturas vivas inevitavelmente se desgastam. Carros e eletrodomésticos de uso diário uma hora param de funcionar. Seria fácil concluir que o mesmo ocorre com os animais e que, por isso, eles envelhecem e morrem. Mas o professor de zoologia Steven Austad explica: “Os organismos vivos são muito diferentes das máquinas. Sua característica distintiva mais básica talvez seja a capacidade de se renovar.”
A maneira como seu corpo se regenera após um ferimento é maravilhosa, mas a renovação contínua que ele faz, em alguns aspectos, é ainda mais surpreendente. Por exemplo, considere os seus ossos. “Aparentemente inerte quando visto de fora, o osso é um tecido vivo, em constante autodestruição e auto-reconstrução ao longo da vida adulta”, explica a revista Scientific American. “Essa remodelação repõe essencialmente todo o esqueleto a cada dez anos.” Outras partes do seu corpo são renovadas com mais freqüência. Certas células da pele, do fígado e dos intestinos talvez sejam substituídas quase que diariamente. Seu corpo produz cerca de 25 milhões de novas células por segundo. Se isso não ocorresse e se todas as partes de seu corpo não fossem constantemente consertadas ou substituídas, você envelheceria durante a infância.
O envelhecimento é causado pelo desgaste celular?
O fato de não nos desgastarmos pareceu ainda mais surpreendente quando os biólogos começaram a estudar as moléculas que existem dentro das células. À medida que suas células são substituídas, cada célula nova precisa ter uma cópia do seu DNA, a molécula que contém grande parte das informações necessárias para reproduzir seu corpo. Imagine quantas vezes o DNA já foi copiado, não apenas nas células do seu corpo durante a sua vida, mas desde que a vida humana começou. Para entender como isso é espantoso, pense no que aconteceria se você fotocopiasse um documento e usasse a cópia para fazer outra cópia. À medida que repetisse o processo, a qualidade dos documentos iria cair e, por fim, eles ficariam ilegíveis. Felizmente, ao passo que nossas células se dividem muitas vezes, a qualidade do DNA não cai nem se deteriora. Por quê? Porque nossas células têm muitos mecanismos para corrigir os erros nas cópias de DNA. Se isso não ocorresse, a humanidade há muito tempo teria se tornado um monte de pó.
Visto que todas as partes do nosso corpo — das estruturas maiores até às minúsculas moléculas — são substituídas ou consertadas de modo constante, a teoria do desgaste celular não explica completamente o envelhecimento. Os vários sistemas do corpo se renovam ou são substituídos durante décadas, cada um de um modo e ritmo diferentes. Então, por que todos eles param de fazer isso quase ao mesmo tempo?
Por que um gato vive 20 anos enquanto um gambá de tamanho similar vive apenas 3 anos?* Por que um morcego consegue viver 20 ou 30 anos, mas um camundongo somente 3 anos? Por que uma tartaruga-gigante chega a 150 anos, e um elefante a apenas 70 anos? Fatores como alimentação, peso corporal, tamanho do cérebro ou velocidade do metabolismo não explicam essa diversidade nas expectativas de vida. AEncyclopædia Britannica diz: “Dentro do código genético, existem instruções que determinam a idade além da qual uma espécie não pode viver.” A expectativa máxima de vida está escrita nos genes. Mas o que faz com que todas as funções do corpo comecem a parar à medida que se chega ao fim da expectativa de vida de cada espécie?
O biólogo molecular Dr. John Medina escreve: “Parece haver sinais misteriosos que simplesmente aparecem em determinada época e mandam as células parar de realizar suas funções adultas normais.” Ele acrescenta: “Existem genes que podem ordenar que células, e até organismos inteiros, envelheçam e morram.”
Nosso corpo pode ser comparado a uma empresa que há décadas é bem-sucedida nos negócios. De repente, os diretores param de contratar e treinar novos empregados, param de consertar e substituir as máquinas e param de fazer manutenção e reforma nos prédios. Logo a empresa começa a se deteriorar. Mas por que todos os diretores resolveram mudar seu plano de ação tão bem-sucedido? De certo modo, é essa pergunta que desafia os biólogos que estudam o envelhecimento. O livro The Clock of Ages(O Relógio do Envelhecimento) diz: “Na pesquisa sobre o envelhecimento, um dos grandes mistérios é tentar entender por que as células param de se dividir e começam a morrer.”
O envelhecimento tem sido encarado como “o mais complexo de todos os problemas biológicos”. Após anos de esforços, a ciência não descobriu a causa do envelhecimento, muito menos encontrou a cura. Em 2004, a revista Scientific American publicou um alerta de 51 cientistas que estudam o envelhecimento, dizendo: ‘Nenhuma intervenção que exista atualmente no mercado — nenhuma — se mostrou capaz de retardar, deter ou reverter o envelhecimento.’ Embora alimentação equilibrada e exercícios possam melhorar sua saúde e diminuir os riscos de morte prematura por causa de doenças, nada se provou capaz de retardar o envelhecimento. Essas conclusões nos lembram as palavras de Jesus encontradas na Bíblia: “Quem de vós, por estar ansioso, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?” — Mateus 6:27.
Resumindo o progresso na busca de uma cura para o envelhecimento, o Dr. Medina escreve: “Para começar, nem sabemos por que envelhecemos. . . . Após declarar guerra ao câncer décadas atrás, ainda não encontramos a cura. E o processo de envelhecimento é infinitamente mais complicado do que os mecanismos que estão por trás do câncer.”
As pesquisas sobre como as criaturas vivas funcionam e por que envelhecem não acabaram com toda a esperança de vivermos mais tempo. Alguns descobriram que sua pesquisa levou-os inevitavelmente a uma conclusão que é muito importante para entender o envelhecimento. O bioquímico Michael Behe escreve: “Nas últimas quatro décadas, a bioquímica moderna desvendou os segredos da célula. . . . O resultado desse esforço cumulativo para investigar a célula — pesquisar a vida no nível molecular — é um alto, claro e agudo grito: ‘planejamento!’” Alguém inteligente projetou as criaturas vivas. É claro que esse bioquímico não é o primeiro a chegar a essa conclusão. Após observar atentamente a estrutura do corpo humano, um antigo salmista escreveu: “Fui feito maravilhosamente, dum modo atemorizante.” — Salmo 139:14.
‘Fomos feitos maravilhosamente’
Se todas as criaturas vivas foram projetadas, surge uma pergunta intrigante: será que Deus, o Grande Projetista, criou o homem com uma expectativa de vida quase igual à de muitos animais, ou ele quer que vivamos mais tempo do que os animais?
Deus nos promete uma vida eterna!