Egito declara estado de alerta por distúrbios em embaixada
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Egito declara estado de alerta por distúrbios em embaixada


Confrontos deixam três mortos, mais de mil feridos e 19 presos; primeiro-ministro de Israel diz que incidente ameaça paz com Cairo

O Egito declarou neste sábado estado de alerta e convocou uma reunião de emergência, por conta de protestos nas ruas do Cairo e confrontos na embaixada de Israel da capital, na véspera e ao longo da madrugada - episódio visto como uma "ameaça à paz" regional.
De acordo com o vice-ministro da Saúde egípcio, Hamid Abaza, os confrontos de rua entre manifestantes e a polícia e soldados do Exército deixaram três mortos e ao menos 1.093 feridos, dos quais apenas 38 permanecem no hospital. Segundo Abaza, uma das mortes aconteceu na noite de sexta-feira, quando um homem morreu de ataque cardíaco. Um total de 19 manifestantes foi preso.
As forças de segurança egípcias enfrentaram os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e veículos blindados; em reação, foram alvejadas com pedras e bombas caseiras. Após as preces de sexta-feira, os manifestantes invadiram o prédio da embaixada israelense no Cairo, entraram nos escritórios consulares e, segundo autoridades, destruíram documentos.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, condenou o ataque. Um assessor afirmou que o premiê classificou a invasão como um "incidente sério" e uma "flagrante violação das normas internacionais". Previamente à BBC, uma autoridade graduada de Israel disse que o ataque à representação diplomática no Egito representava uma séria ameaça às relações entre os dois países - um dos pontos de equilíbrio para a paz no Oriente Médio.
O embaixador israelense abandonou o Egito na madrugada deste sábado e, horas depois, todos os funcionários da embaixada e seus familiares - cerca de 80 pessoas - foram retirados do local. O assessor de Netanyahu afirmou que o premiê agradecia as autoridades egípcias por ajudar a resgatar seis empregados israelenses presos dentro da representação diplomática durante o ataque, mas disse que o incidente causa um "sério dano ao tecido da paz com Israel".
À frente da sede diplomática ficou o número dois da Embaixada de Israel, Yisrael Tikochinski, que seguirá por enquanto na capital egípcia "em um lugar seguro". "Esperamos que o governo egípcio tome as medidas necessárias para que essa situação não volte a se produzir para que possamos restaurar a Embaixada outra vez", manifestou um responsável israelense.
Observadores dizem que o incidente marca uma aguda escalada nas tensões bilaterais e testam os 30 anos do tratado de paz entre Israel e Egito. Sob o regime de Hosni Mubarak, os laços entre os dois países haviam sido estáveis, após anos de conflitos. Mas, agora que o ex-presidente foi deposto, Israel teme que um governo menos favorável seja implementado no Cairo.
Neste sábado, o conselho militar que governa o Egito interinamente fez uma reunião extraordinária para discutir o episódio.

Estopim
 
A embaixada era alvo de protestos desde a morte de cinco policiais egípcios, em 18 de agosto, supostamente em uma ação das forças israelenses. Autoridades egípcias dizem que os cinco foram mortos quando as forças de segurança de Israel perseguiram supostos militantes através da fronteira.
No mesmo dia, atiradores haviam atacado ônibus civis israelenses perto do resort israelense de Eilat, localizado no mar Vermelho, deixando oito mortos. Centenas de egípcios protestaram em frente ao prédio da embaixada de Israel na noite seguinte, queimando uma bandeira do país e exigindo a expulsão do embaixador.
Depois do incidente registrado no mês passado na fronteira, Cairo definiu a morte dos policiais como "inaceitável". Israel não admitiu responsabilidade no caso, mas lamentou as mortes. As tensões vêm crescendo desde então. O ministro de Defesa de Israel disse ter ordenado um inquérito em conjunto com o Exército egípcio.

Pneus queimados

Ao longo da madrugada e manhã deste sábado, centenas de manifestantes se mantiveram nos arredores da embaixada no Cairo, queimando pneus pelas ruas e cantando slogans de crítica aos militares no poder no Egito.
Seis funcionários da representação diplomática ficaram presos no prédio durante os protestos e precisaram ser resgatados por forças de seguranças egípcias, disse uma autoridade israelense à BBC. A mesma autoridade diz que os protestos estão sendo vistos em Jerusalém como uma "grave violação" das relações diplomáticas.
O Egito é um dos dois países árabes - junto com a Jordânia - a ter estabelecido a paz com Israel. Mas crescem as demonstrações de sentimento anti-israelense entre os civis egípcios. Um dos manifestantes egípcios na embaixada disse à BBC que "fomos criados odiando Israel, mas agora podemos expressar isso livremente. Com a queda de Mubarak, o sangue egípcio será vingado".



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