Entrevista: ‘Não sabemos qual é a intenção dos norte-americanos’
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Entrevista: ‘Não sabemos qual é a intenção dos norte-americanos’


Ex-comandante-chefe do Arsenal de Mísseis de Destinação Estratégica da Rússia fala da ameaça dos aviões hipersônicos, capaz de alcançar uma velocidade seis vezes maior do que a do som

Militares norte-americanos informaram sobre outro lançamento do avião hipersônico X-51A WaveRider não tripulado. Assim como os testes anteriores, a tentativa atual não obteve êxito, mas não se fala em suspensão do programa.

O ex-chefe do Estado-Maior do Arsenal de Mísseis de Destinação Estratégica, coronel-general Víktor Essin, explicou ao jornal russo “Vzgliad” as particularidades desse tipo de míssil e a ameaça representada por ele.

Vzgliad: Qual é o grau de ameaça dessa tecnologia?

Víktor Essin: É prematuro falar sobre o tipo de ameaça que ela pode trazer. Ainda não ficou claro o que os norte-americanos pretendem fazer com esse equipamento. Se o avião for carregado com armas comuns, e não nucleares, trata-se apenas de um recurso da chamada estratégia de ataque global rápido. Isso é menos perigoso para a Rússia.

Mas se o sistema for abastecido com ogivas nucleares, o cenário muda. Quero dizer, no entanto, que a Rússia também está trabalhando na criação desse tipo de jato hipersônico. Inclusive, já realizamos testes, um dos últimos em 2011. Nosso experimento também não foi bem-sucedido, mas essas pesquisas envolvem um campo científico ainda não explorado, por isso não são possíveis avanços imediatos.

A Rússia não está atrasada nesse campo, estamos mais ou menos no mesmo nível.

Vzgliad: Qual é o principal problema da criação do protótipo?

V.E.: O problema está em garantir a estabilidade da estrutura diante das cargas de calor e de força que surgem em resultado da velocidade. O avião fica superaquecido; o material utilizado, pelo visto, perde a estabilidade e se desmantela.

Vzgliad: Quando o equipamento estiver adequadamente desenvolvido, poderá haver algum impedimento ao uso de cargas nucleares?

V.E.: Em princípio pode haver, é claro. Mas não podemos dizer que os americanos tenham informado algo a esse respeito. De acordo com declarações oficiais, esse equipamento não se destina ao uso de ogivas nucleares. Por enquanto, eles dizem que o avião está sendo desenvolvido para atacar alvos pontuais com armas comuns.

Vzgliad: Caso sejam carregados com armas nucleares, até que ponto esses mísseis balísticos intercontinentais podem ser perigosos?

V. E.: O efeito hipersônico consiste em que o avião voa a uma altura de 80, 100 km ou mais. Isso dificulta a identificação do objeto pelo sistema de defesa do espaço aéreo. Por isso o projeto é útil.

Fica difícil acompanhar a ogiva e, consequentemente, ela atinge o alvo com maior êxito do que o foguete balístico intercontinental, cuja trajetória pode ser calculada, permitindo a intercepção através do sistema de defesa antimísseis.

Vzgliad: Existe pelo menos algum projeto de contra-ataque para combater esses jatos?

V. E.: Por enquanto não. Esse tipo de tecnologia é desenvolvida diante de uma ameaça real. Quando isso acontece, é preciso criar um novo sistema. Pode ser que já tenha sido proposta a tarefa de trabalhar nesse sentido, mas eu não ouvi nada a respeito.

Vzgliad: Os sistemas de defesa antiaérea e antimísseis, presentes no equipamento dos exércitos mais avançados do mundo, são capazes de combater esse tipo de avião de algum modo?

V. Е.: Por enquanto, eles não têm condições de combater esse tipo de equipamento. Nem nos EUA nem na Rússia. Por isso, o desenvolvimento dessa tecnologia é prioritário: ela inutiliza os sistemas de defesa antimísseis existentes hoje. Mas a situação é temporária. Essa é uma luta incessante: quando alguém passa à frente, logo outros o alcançam.

Poder Aéreo



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