Espionagem trava acordo com a Motorola
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Espionagem trava acordo com a Motorola


O momento bom não é dos melhores para discutir a construção de uma rede segura para o governo brasileiro com uma empresa americana. Esse foi o argumento usado pelo ministro Paulo Bernardo (Comunicações) para explicar à vice-presidente de assuntos governamentais da Motorola Solutions, Karen Tandy, que estão bastante reduzidas as chances da empresa conseguir fechar contrato com o governo federal.

O encontro foi relatado à Folha por um dos participantes da reunião.

A companhia já investiu R$ 2 milhões para desenvolver no Brasil uma rede segura, que permitiria comunicação das Forças Armadas na rede 4G, usando a faixa de 700 MHz -a mesma que deve ser licitada no ano que vem para implantação de banda larga de alta velocidade.

Na última semana, representantes da empresa vieram ao país fazer visitas de cortesia e conversar com membros do governo para destacar os benefícios do serviço desenvolvido por eles.

O modelo permitiria, por exemplo, a transmissão em tempo real de imagens das áreas monitoradas pelas Forças Armadas em capitais ou regiões de fronteira do país, em um ambiente exclusivo de comunicação.

“Entendo que a Motorola não teve casos de invasão denunciados, mas nesse momento há um embaraço [para contratar a empresa]“, explicou Paulo Bernardo.

Em entrevista à Folha, a diretora para o governo federal da Motorola, Krishna Formiga, não comentou a visita ao ministro. Disse apenas que o governo vem facilitando o diálogo para tratar do tema e que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) se mostra “bastante aberta a discutir o projeto”.

Segundo a Folha apurou, a superintendência de outorgas da Anatel deve recomendar ao governo que separe espaço na faixa 4G para serviço privado de comunicação das Forças Armadas. A escolha da empresa que irá operar e prestar esse serviço, entretanto, depende de decisão posterior.

Desde o ano passado o Ministério da Defesa pede à Anatel para ter uma parte da faixa de 700 MHz. A ocupação da faixa com sistemas do Exército e das polícias desagrada ao governo e a parte do governo, que está interessado em garantir a expansão dos serviços de internet.

Na última semana, a Anatel autorizou o uso de um satélite geoestacionário para criar um canal isolado para as Forças Armadas.

FONTE: Folha de São Paulo Reportagem: NATUZA NERY e JULIA BORBA



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