Está confirmado: deram em nada as conversas Putin-Kerry
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Está confirmado: deram em nada as conversas Putin-Kerry


Alexander Mercouris, The Duran

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Como The Duran já previra que aconteceria, os russos rejeitaram a oferta de Kerry (um lugar para os russos numa coalizão anti-ISIS liderada pelos EUA, em troca de os russos admitirem a deposição do presidente Assad).

O ministro de Relações Exteriores Sergey Lavrov acaba de confirmar publicamente o que já disséramos: as conversas em Moscou, com o secretário de Estado John Kerry dos EUA, fracassaram.

Eis o que dissemos nesse blog, sobre a proposta que Kerry levou a Moscou:


"(...) parece que os EUA ofereceram-se para unirem-se aos russos numa campanha militar conjunta na Síria contra Al-Qaeda e Daech. Antes de ir a Moscou, Kerry deixou escapar que alguns dos que chamou de "subgrupos" afiliados à Al-Qaeda também seriam atacados. Mas em troca os norte-americanos pareciam esperar que os russos se submeteriam à liderança dos EUA naquela campanha militar, suspenderiam o fogo contra grupos terroristas e rebeldes aliados com os EUA na Síria e concordariam com a mudança de regime do presidente Assad."

Nosso comentário sobre essa proposta foi

"Se esse é resumo fidedigno do que Kerry tem para propor, não é difícil ver por que os russos rejeitarão a proposta. Na essência, o que Kerry parece ter oferecido aos russos não passou de mais um plano para derrubar o presidente Assad, dessa vez com ajuda dos russos, em troca de um lugar, sob comando dos EUA, numa coalizão militar."

Agora, Lavrov acaba de confirmar que foi exatamente o que aconteceu. Falando num fórum nacional russo de educação para jovens, a agência Sputnik noticia que o ministro russo disse o seguinte:

"Disseram que os russos poderíamos nos unir aos esforços deles na luta contra o terrorismo […], mas só depois que concordássemos com tirar Assad do poder na Síria."

Sputnik noticia também que Lavrov informou que Kerry disse aos russos que Assad teria perdido o apoio da "vasta maioria da população síria". Segundo Lavrov, os russos responderam que cabe aos sírios – não aos EUA ou à Rússia – eleger governantes sírios, de modo democrático. 

Em outras palavras: os russos rejeitaram a 'oferta' de Kerry. Para destacar esse ponto, Sputnik noticia que Lavrov condenou firmemente toda a política dos EUA de mudança de regime como foi aplicada ao Oriente Médio:

"O que está acontecendo no Oriente Médio e no Norte da África é resultado direto de uma atitude muito incompetente, absolutamente não profissional ante a situação em campo. No esforço para manter a própria dominação, nossos parceiros ocidentais agiram como boi numa loja de porcelana."

Essa sempre foi a posição dos russos, absolutamente consistente, desde o início do conflito sírio, em 2011.

De fato, a história da diplomacia do conflito sírio foi a continuada repetição de um mesmo evento: os EUA tentando forçar os russos a aceitarem a derrubada do presidente Assad. Os EUA fazem as mais variadas ofertas ou ameaças aos russos, tentando ou suborná-los ou obrigá-los a aceitar 'o negócio'. Os russos respondem que o futuro do presidente Assad é assunto estritamente interno da Síria, e que não se envolvem. Os EUA voltam para casa, confusos e furiosos.

Aconteceu incontáveis vezes, exatamente assim. As conversações de Kerry em Moscou com Putin e Lavrov são apenas o exemplo mais recente.

Os EUA não são os únicos a tentar coisa semelhante com os russos, e a sair de lá com as mãos igualmente vazias. Em julho de 2013, o chefe da inteligência saudita príncipe Bandar bin Sultan bin Abdulaziz Al Saud voou secretamente a Moscou onde alternou ofertas e ameaças, em reunião privada com Putin, tentando que os russos aceitassem a remoção do presidente Assad. Para grande surpresa e ira do príncipe, os russos disseram não – como sempre antes e depois.

Na verdade, um dos traços mais estranhos de todo o conflito sírio, é (a) a total incapacidade dos EUA e de seus aliados árabes para aceitar que os russos opõem-se à política deles de mudança de regime na Síria e noutros lugares; (2) que essa oposição é real; e (3) que os russos não são nem seduzíveis nem subornáveis pelo menos, com certeza, nessa questão. Apesar das inúmeras vezes em que os russos esforçaram-se empenhadamente em explicar sua política, os EUA e aliados parecem incapazes de crer que os russos estão falando sério. A impressão que se tem é que os norte-americanos pensam que os russos estariam tentando alguma 'jogada' falsa ou mentirosa; e que, se conseguirem montar uma proposta realmente tentadora, ou pressionar com suficiente força... os russos acabarão por aceitar que os EUA derrubem o presidente Assad. 

Hoje – já lá vão cinco anos desde o início do conflito –, já deveria estar obviamente claro que nunca acontecerá como os EUA supõem. A viagem de Kerry a Moscou e as longas horas de 'negociação' infrutífera porém mostram que os EUA simplesmente não conseguem aceitar o fato de que os russos não mudarão de posição.

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