Essa confissão sincera foi feita por um certo Yusuf al-Salafi. Os serviços secretos paquistaneses detiveram esse sírio em Lahore. Ele é suspeito de se ter infiltrado no Paquistão com o objetivo de criar uma célula do Estado Islâmico. Ele também tinha dois outros cúmplices.
À pergunta sobre quem financiava essa célula, o suspeito respondeu que ela era subsidiada pelos EUA. Os apoiantes do Estado Islâmico no Paquistão recrutam jovens por 600 dólares para participarem em combates na Síria.
Quem ajuda a enganar os futuros “soldados da fortuna” é um dos imãs locais, informou o detido emissário do EI. O religioso prega sermões de caráter específico aos paroquianos de sua mesquita. Como é evidente, ele também não tem escrúpulos em receber dinheiro oferecido pelos EUA.
Os EUA deveriam ocultar de todas as formas possíveis que subsidiam financeiramente o EI no seu próprio interesse, informou Yusuf al-Salafi. Foi por isso que eles apoiaram financeiramente a ofensiva do movimento islamista no Iraque e não na Síria. Eles encobriam seu objetivo principal, que é usá-los para derrubar o regime de Bashar Assad na Síria.
O perito do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências da Rússia Boris Dolgov considerou esse cenário como bastante provável, conhecendo a tática característica dos serviços secretos norte-americanos :
“Essa é uma vertente da política dos EUA, que querem com as mãos dos islamistas atingir seus objetivos de política externa no Oriente Médio. Isso é completamente evidente. Os EUA financiaram Bin Laden, quando este combatia o regime pró-soviético no Afeganistão. Os EUA financiaram praticamente todos os grupos armados que combateram e combatem contra Bashar Assad. Isso inclui o EI, o qual proclamou agora um califado islâmico em partes dos territórios da Síria e do Iraque. O crescimento do radicalismo islâmico e da atividade terrorista na região, incluindo o Estado Islâmico, são uma consequência da política dos EUA.”
Depois da detenção do emissário do Estado Islâmico no Paquistão, aumentou a responsabilização dos EUA pelo que está acontecendo na região. Isso inclui o atentado terrorista contra os alunos da escola para filhos de militares em Peshawar.
Entretanto, o cientista político Stanislav Tarasov chama a atenção para outro fato da política dos EUA na região:
“Os norte-americanos, enquanto preparavam a saída do Afeganistão de seu contingente militar, já conduziam há muito tempo negociações secretas com os talibãs, incluindo os grupos radicais que se orientavam para o Estado Islâmico. Numa determinada altura, o EI era visto pelos EUA como uma arma, um cavalo de Tróia, para atingir objetivos geopolíticos no Oriente Médio. Não se trata apenas da Síria e do derrube do regime de Damasco. Tudo indica que os talibãs estavam preparando, sob a bandeira do EI, um golpe de Estado em Islamabad.”
Nesse contexto, um pormenor curioso foi divulgado pelo jornal indiano Hindustan Times. Afinal, o movimento Estado Islâmico anunciou a criação do Khorasan como o objetivo principal dos talibãs paquistaneses. Essa era o nome de uma região que no passado englobava o Afeganistão, o Paquistão e parte da Índia. O porta-voz do EI, Abu Muhammad al-Adnani, anunciou na Internet, em um vídeo sobre o alargamento do califado ao Khorasan, a nomeação do antigo líder do partido Tehrik-i-Taliban Pakistan (TTP), Hafiz Saeed Khan como governador dessa região.
Voz da Rússia
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