O presidente em exercício Michel Temer já recebeu um extenso relatório sobre a condição de abandono das Forças Armadas do Brasil nos últimos anos e se comprometeu minimizar os problemas decorrentes das graves restrições orçamentárias enfrentadas pelo Exército, Marinha e Aeronáutica.
A Marinha já informou que opera com apenas metade da frota, e não conta navios de escolta suficientes para dar proteção às plataformas do pré-sal, por exemplo. Os navios que estão operando tem idade média de 33,3 anos.
A situação no Exército também é crítica, o que tem obrigado a força a reavaliar e adaptar as estratégias de defesa do país. A dificuldade para manter em dia os compromissos com fornecedores e a falta de recursos já provocou uma redução drástica na linha de produção do blindado Guarani. O fabricante do equipamento pode até suspender a produção por falta de pagamento. O veículo é considerado crucial para a frota da linha de defesa.
Os problemas não param por ai. A situação na Aeronáutica não é diferente. A Força Aérea tem quase metade da frota parada por falta de manutenção. A dificuldade financeira tem impedido os repasses de recursos para a Embraer, responsável pela construção do avião cargueiro KC 390. E empresa tem um ativo de R$ 1,4 bilhão devido pelo governo federal. O atraso do governo em concluir a compra de 36 aviões de caça para atualizar a frota da Força Aérea Brasileira também acabou fragilizando a capacidade do País de proteção do espaço aéreo nacional
“Quase a totalidade do orçamento (da pasta) hoje é consumido com custeio de pessoal, deixando em segundo plano projetos que são fundamentais para a garantia da soberania do País e para o avanço tecnológico que, apesar de serem germinados na Defesa, transbordam a Defesa e trazem benefício para todo o desenvolvimento do País”, disse ao Estado o novo ministro da Defesa, Raul Jungmann. “Precisamos criar base para ter uma previsibilidade para garantir desembolso de recursos que deem continuidade, em um ritmo adequado, dos projetos estratégicos evitando que projetos que deveriam durar cinco, seis anos, não durem 20 ou 30 anos, como estamos vendo hoje.”
O ministro da Defesa destacou a importância do projeto do Sistema Integrado de Monitoramento das fronteiras (Sisfron). “Ele é de importância vital para o País”, afirmou Raul Jungmann, para quem o Brasil tem de ter “um cuidado especial com suas fronteiras, especificamente com a Venezuela que hoje vive em uma instabilidade grande e que muitas vezes provoca uma migração para cá”.
A urgência na estabilização das contas do governo é vital para a normalização da situação da defesa do país. Além de áreas sensíveis como a saúde e educação, a segurança do país tem sido completamente negligenciada ao longo dos últimos treze anos. Fala-se em muitos projetos, mas na prática, o que houve foram cortes e cortes nos repasses para as forças armadas, que se viram forçadas inclusive a reduzir seus contingentes.