Na última sexta-feira (1), outra fase da operação Lava Jato colocou foco na empresa Eldorado Brasil, produtora de celulose de eucalipto, da holding J&F Investimentos, da família Batista, que controla a JBS.
A companhia tem sede no mesmo prédio da JBS e da J&F, em São Paulo. Conforme dados do Contas Abertas, de 2002 até o primeiro trimestre de 2013, as operações do Grupo JBS somaram R$ 12,8 bilhões.
As empresas favorecidas com os recursos dentro do grupo foram a JBS S.A. (R$ 6,6 bilhões), Bertin S.A.(R$ 2,7 bilhões), Bracol Holding Ltda (R$ 425,9 milhões), Vigor (R$ 250,2 milhões) e a Eldorado (R$ 2,8 bilhões). No período consultado não foram encontradas operações para as demais empresas do Grupo.
A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na Eldorado. Em nota, a companhia confirmou a ação e disse que “desconhece as razões e o objetivo” da operação. A empresa também afirmou que sempre atuou de forma transparente e todas as suas atividades são realizadas dentro da legalidade.
A Eldorado informou ainda que está à disposição “para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais”. Como a sede das empresas fica no mesmo prédio, chegou a ser cogitado que a operação fosse na JBS.
Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a JBS informou que “em relação às notícias veiculadas na data de hoje pela imprensa, a Companhia, bem como seus executivos, não é alvo e não está relacionada com a operação da Polícia Federal ocorrida”. Batizada de Sépsis, a nova fase também teve entre os alvos o lobista Milton Lyra, ligado ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o operador de mercado Lucio Bolonha Funaro, que por sua vez é ligado ao presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
DOAÇÕES ESCANDALOSAS
Até 12 de agosto de 2014, o Grupo JBS já havia doado R$ 53,3 milhões para campanhas eleitorais. A maior parte das doações foram endereçadas aos Comitês, Direções Estaduais/Distritais e Direções Nacionais, sendo apenas 5 os candidatos que receberam recursos diretamente do JBS.
Entre os presidenciáveis à época, Dilma Rousseff recebeu diretamente R$ 4,5 milhões, sendo que outros R$ 500 mil foram pagos ao Comitê Financeiro Nacional para Presidente da República do PT. Valor idêntico foi pago ao Comitê Financeiro Nacional para Presidente da República do PSDB (R$ 3 milhões + R$ 2 milhões), do então candidato, Aécio Neves.
Por partido político, o PMDB foi o melhor contemplado com R$ 13,7 milhões, seguido do PP (R$ 10 milhões), PSD (R$ 9 milhões), PSDB (R$ 7 milhões), PR (R$ 5 milhões), PT (R$ 5 milhões), Solidariedade (R$ 3 milhões), PSB (R$ 370 mil) e PRB (R$ 300 mil). Entre aqueles que receberam diretamente do JBS estão, além da Dilma Rousseff, o candidato mineiro ao senado Antônio Augusto Anastasia, o candidato a deputado estadual no Rio Grande do Sul pelo PP Ailton dos Santos Machado, o candidato a deputado estadual pelo Solidariedade em São Paulo Luiz Augusto da Silva Cunha e, ainda, o candidato a deputado federal em Mato Grosso do Sul pelo PMDB, Bruno Alberto Gonzales de Reichardt.
O valor de R$ 6,7 milhões doado ao Comitê Financeiro Único do PMDB no Rio de Janeiro subentende a intenção de beneficiar o candidato Pezão.
O mesmo raciocínio pode ser desenvolvido para a doação de R$ 5 milhões à Direção Estadual/Distrital do PMDB em Mato Grosso do Sul, com provável favorecimento ao candidato ao governo Nelson Trad Filho. Segundo o blog do Gerson Camarotti, após a operação, parlamentares que receberam doação oficial da JBS, dona da Friboi, estão apreensivos. Muitos deputados que nunca tiveram relação com a empresa receberam recursos para a campanha. De forma reservada, muitos deputados contam que o dinheiro foi conseguido pelo presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha. ***(Com informações de Contas Abertas)
FONTE:folhacentrosul