A magnetosfera terrestre protege o nosso planeta do fluxo constante de radiação proveniente dos ventos ventos. Vênus, no entanto, não tem essa sorte. Um planeta inóspito, estéril, com uma atmosfera tão densa que esmaga sondas algumas horas pós o pouso, Vênus, ainda por cima, não tem nenhuma proteção magnética.
Pesquisadores descobriram recentemente que um fenômeno meteorológico espacialcomum que acontece na bolha magnética da Terra, a magnetosfera, tem drástica influência sobre Vênus. As explosões gigantes, chamadas de anomalias de fluxo de calor, são tão grandes em Vênus que acabam sendo maiores do que o próprio planeta, e essas anomalias ocorrem todos os dias.
"Elas não são somente gigantescas", disse Glyn Collinson , cientista do Goddard Space Flight Center da NASA. "Como Vênus não tem um campo magnético para se proteger, as anomalias de fluxo de calor acontecem em cima do planeta. Elas são bem maiores do que o planeta inteiro".
Imagem mostra como ocorrem as anomalias de fluxo de calor
Créditos: NASA
Glyn Collinson é o primeiro autor de um artigo sobre esses resultados que foram publicados no Journal of Geophysical Research, em fevereiro de 2014. O trabalho é baseado em observações feitas pela missão Venus Express, da Agência Espacial Europeia. Os resultados mostram o quão grande e quão frequente são essas anomalias em Vênus.
Os cientistas gostam de comparar a Terra com Vênus: O que aconteceu de tão diferente que fez com a Terra se tornasse habitável? O que seria da Terra se não fosse seu campo magnético?
Na Terra, as anomalias de fluxo de calor não penetram na magnetosfera, mas elas liberam tanta energia do lado de fora que o vento solar é desviado. Parte desse vento solar é refletido e forçado a voltar para o Sol. Sem uma magnetosfera, o que acontece em Vênus é muito diferente.
A única proteção de Vênus contra o vento solar é a camada externa de sua atmosfera chamada ionosfera. Um equilíbrio sensível à pressão existe entre a ionosfera e o vento solar, um equilíbrio facilmente perturbado pelo gigante fluxo de energia de uma anomalia de fluxo de calor.
As anomalias de fluxo de calor podem criar perturbações dramáticas em escala planetária, possivelmente movendo a ionosfera para longe da superfície do planeta.