Inteligência da Turquia diz que golpe de Estado fracassou
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Inteligência da Turquia diz que golpe de Estado fracassou


O Serviço de Inteligência da Turquia (MIT) disse que fracassou a tentativa de golpe de Estado vivida no país, mas que ainda restam alguns focos de resistência por parte dos militares rebeldes, que serão julgados por traição.

"A tentativa de golpe fracassou. Quase terminou. Em algumas partes há ainda pequenos enfrentamentos. O golpe está sendo rejeitado, mas há alguns (rebeldes) que resistem. A partir de amanhã os responsáveis pela tentativa serão julgados como traidores", afirmou à imprensa Nuh Yilmaz, subsecretário de Imprensa do MIT.

Segundo a emissora NTV , Hulusi Akar, o chefe de Estado-Maior que tinha sido capturado pelos rebeldes, foi libertado.

Além disso, os tanques que tinham tomado posições em frente ao aeroporto Atatürk de Istambul, o maior da Turquia, se retiraram, assim como os soldados que cercavam suas instalações. O aeroporto foi tomado pela polícia e por centenas de civis.

Os veículos de comunicação informaram também que um grupo de militares golpistas que tinham ocupado um das pontes sobre o Bósforo em Istambul foram ameaçados a render-se.

Também há relatos na imprensa local que um caça derrubou um dos helicópteros rebeldes. O próprio Yilmaz garantiu que vários aparelhos tinham sido abatidos.

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Fracassa o golpe na Turquia. Quase 200 mortos até agora

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O brigadeiro Umit Dundar, escolhido chefe provisório das Forças Armadas durante a noite general Hulusi Akar, chefe do Exército turco, ser detido  pelas forças do golpe, fez um pronunciamento, minutos antes das seis da manhã,  dizendo que fracassou a tentativa de deposição militar do Governo do país.

Segundo o The Guardian , referindo-se a quatro golpes anteriores da Turquia nas últimas décadas, Dundar afirmou que  “irreversivelmente se fechou o capítulo de golpes militares.”

“As pessoas tomaram as ruas e expressou seu apoio à democracia. Turquia exibiu uma cooperação histórica entre o governo e as pessoas. A nação nunca vai esquecer essa traição. A Turquia  irreversivelmente fechou o capítulo de golpes militares “(…) Vamos continuar a servir o povo. Eu gostaria de agradecer a todos os partidos políticos e os meios de comunicação por  seu apoio à democracia. Aqueles que traíram  seu país não ficarão impunes”.

Dundar teria apresentado, segundo  jornal, um balanço de 194 mortes: 41 policiais, dois soldados,47 civis e 104 pessoas descritas como “golpistas”. Há no site diversos vídeos, alguns bem fortes, de soldados sendo detidos por civis e policiais, vários deles  sofrendo espancamento, mesmo depois de renderem-se e estarem dominados.

O primeiro contem imagens impressionantes de uma multidão avançando apara retomar o controle da ponte sobre o Bósforo e se lançando ao chão, quando são ouvidos disparos. Duram pouco, mas não se sabe ainda precisar o que produziram em mortos e feridos.

Várias testemunhas, ouvidas pelos jornais internacionais dizem que a reação popular só ocorreu depois que o presidente Recep Erdogan apareceu na televisão (veja  o post anterior) e disse estar no comando do governo, apesar do aparente domínio golpista sobre Ancara e da detenção do seu comendante militar.

O CENÁRIO

Para ajudar a compreender o quadro na Turquia, transcrevo abaixo a tradução-resumo, feita pelo professor Nilson Lage, de um artigo no Asia Times:

O país vive o que pode ser descrito como “bolha de consumo” comparável à bolha do ponto-com do início do século e à bolha dos derivativos, em 2008, nos Estados Unidos: o crescimento do Produto Interno Bruto vem sendo mantido graças ao endividamento das pessoas em um nivel tal que não poderá ser sustentado por muito tempo.

Uma crise étnica aponta para a divisão do país. O crescimento acelerado da população de etnia curda, que aspira à independência, contrasta com a redução da natalidade entre os da etnia turca (turcos e aculturados): à medida que os hábitos ocidentais foram sendo introduzidos e as mulheres conquistaram posições de independência financeira, cresceu a rejeição à estrutura tradicional da família muçulmana nas principais cidades turcas e muita jovens optaram por não casar e não ter filhos: é o que mostram os dados. (Obs: há vários gráficos sobre isso no  Asia Times)

O governo muçulmano moderado enfrenta a dupla oposição dos de religião mais tradicional e dos que aderiram ao modo europeu de vida. A politica de apoio disfarçado ao califado islâmico no Iraque e na Síria foi rompida, sob pressão da União Europeia e diante da crise dos refugiados – ruptura que se evidenciou em recente atentado de radicais muçulmanos em Ancara.

No plano político, a integração à Europa tende a reduzir o papel do Exército, que desde o golpe de 1980 ocupa espaço importante na vida turca. A resistência civil ao golpe deve-se, provavelmente, tanto à memória da melhoria das condições de vida em anos recentes quanto à motivação religiosa da base popular, de maioria muçulmana.

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