Os militares ucranianos concentraram grupos de ataque na vizinhança imediata de Donetsk. A capacidade militar das brigadas que foram derrotadas pelas milícias no final do verão foi restabelecida. Uma mobilização em larga escala permitiu aumentar o número de efetivos das tropas ucranianas nas proximidades do Donbass. Contra a capital da República Popular de Donetsk estão apontados, a partir de três lados, sistemas de lançadores múltiplos de diversos calibres, informou o primeiro-ministro da República Popular de Donetsk Alexander Zakharchenko, que é igualmente seu comandante supremo:
“Pela concentração de unidades militares que se aproximam da cidade de Donetsk e pela quantidade de bombardeios, que aumenta constantemente, podemos concluir que o exército ucraniano se prepara para uma ofensiva em grande escala. Segundo os dados de que disponho, ele necessitará de cerca de 3 a 5 dias para terminar a formação de unidades, o fornecimento de munições e o reforço de efetivos.”
Esses dados provenientes de transmissões interceptadas e da inteligência tática da República Popular de Donetsk são confirmados pelas próprias autoridades ucranianas. Há dias, o presidente do parlamento ucraniano, Alexander Turchinov, e os ministros da Administração Interna e da Defesa entregaram 10 veículos blindados à Guarda Nacional paramilitar. Esta, formada por unidades de voluntários nacionalistas radicais, anteriormente combatia com os meios que conseguia obter: desde caminhões e ônibus a carros de transporte de valores. Agora eles irão receber material militar das mãos das primeiras figuras do Estado.
Claro que uma dezena de blindados não decidem nada na frente de batalha. Mas neste caso para Kiev o principal é dar a entender que eles preferem uma solução militar do problema. Isso é sobretudo importante na véspera das eleições para a Suprema Rada (parlamento), as quais estão marcadas para 26 de outubro.
Segundo análises de sociólogos, o bloco de Piotr Poroshenko poderá obter um terço dos assentos parlamentares. Em seguida deverá ficar o Partido Radical de Oleg Lyashko, com 13 por cento. O terceiro lugar deverá ir para a Frente Popular liderada por Arseni Yatsenyuk e Alexander Turchinov, atuais primeiro-ministro da Ucrânia e presidente da Rada Suprema, com 11 por cento.
O trio formado por Lyashko, Yatsenyuk e Turchinov não esconde suas posições belicistas. Eles eram contra o cessar-fogo. Em suas entrevistas eles repetem que não se deve levar a sério a lei assinada pelo presidente sobre o chamado estatuto especial do Donbass. Nas fotos de campanha eles se apresentam em uniformes militares ou apontando fuzis ou sentados em carros blindados. Unidos no parlamento, eles irão representar uma forte coalizão belicista, com a qual será muito difícil Poroshenko lidar, mesmo que ele o queira.
Tanto mais que não existe grande vontade. Sob pressão internacional, Poroshenko foi obrigado a estabelecer um cessar-fogo com as milícias do Donbass, mas ele percebe que uma vitória militar lhe irá trazer, como político, muito mais dividendos que um processo negocial longo e moroso.
Por isso, o exército se preparou para uma guerra-relâmpago. Para o dia 2 de novembro estão programadas eleições dos parlamentos e das lideranças das repúblicas populares de Donetsk e de Lugansk. Na opinião de Moscou, essas eleições irão favorecer uma estabilização da situação no leste da Ucrânia. Ou seja, elas não interessam a Kiev.
Uma ofensiva militar irá cancelar o processo eleitoral democrático. Isso é evidente. Fica por esclarecer se o presidente Poroshenko se decidirá a violar unilateralmente o cessar-fogo e a ordenar uma ofensiva.
Voz da Rússia
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