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Presidente do Paraguai sugere referendo para definir continuidade no Mercosul

Votação seria realizada juntamente com a eleição geral do país, marcada para abril de 2013

O presidente do Paraguai, Federico Franco, cogitou nesta terça-feira (14/08) a possibilidade de decidir, através de um referendo nas eleições gerais de abril de 2013, a continuidade ou não do país no Mercosul, depois da sanção imposta pelo bloco regional.

"Podemos convocar um referendo e perguntar ao povo nas eleições de abril do ano que vem o que eles querem", disse Franco sobre a situação pela qual atravessa seu país, suspenso desde junho pelo Mercosul e também pela Unasul (União de Nações Sul-americanas).

"A pergunta é: Pode um governo de um ano tomar uma decisão tão drástica como a de nos retirar do Mercosul? Ou é melhor aguentar, esperar e deixar as condições para que o próximo governo decida?", indagou o governante em entrevista à rádio paraguaia 970 AM.

O chefe de Estado, que assumiu o cargo em 22 de junho após a destituição de Fernando Lugo, afirma que não tomará unilateralmente a decisão. "Não vou tomar nenhuma decisão que possa ser prejudicial para o país e que seja simpática para uma ou duas pessoas. Em todo caso, minha decisão vai ser tomada sempre em base no benefício que possam receber os habitantes do “meu” país ", afirmou.

O chefe de Estado se expressou nesses termos no momento em que aumentou o debate político local sobre a possibilidade de continuidade ou não do Paraguai dentro do Mercosul e um dia antes que se completasse o quarto e penúltimo ano de mandato que tinha iniciado como vice-presidente junto a Lugo. O atual período governamental será concluído em 15 de agosto de 2013.

Os presidentes de Brasil, Argentina, e Uruguai aplicaram no dia 29 de junho a suspensão temporária do Paraguai em uma cúpula realizada na cidade argentina de Mendoza, argumentando que no país aconteceu uma "quebra democrática" com a destituição de Lugo.

Nessa reunião também foi decidida a formalização da entrada da Venezuela no bloco, oficializada em uma cúpula extraordinária realizada em Brasília, no dia 31 de julho.

Unasul ratifica suspensão temporária do Paraguai

A partir de relatórios sobre a situação política no país, Grupo de Alto Nível do bloco tomou a decisão

A suspensão temporária do Paraguai da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) foi ratificada pelo Grupo de Alto Nível do bloco na noite desta terça-feira (15/08), conforme informou seu presidente, Salomón Lerner. A decisão foi anunciada depois de uma longa reunião em Lima (Peru), na qual os representantes dos países-membros do bloco discutiram a situação política paraguaia a partir de relatórios enviados por suas embaixadas.

A Unasul decidiu suspender a participação do Paraguai no dia 29 de junho por considerar que o novo governo do país rompeu com a cláusula democrática do bloco, que estabelece o dever de manter a ordem democrática entre os países membros. Segundo o grupo, o processo de impeachment de Lugo “não contou com as garantias jurídicas suficientes”.

O país, que não participou das últimas reuniões do bloco, permanecerá suspenso da Unasul até a próxima eleição presidencial, prevista para acontecer em abril de 2013. Para retornar ao grupo regional, o governo paraguaio deve realizar um pleito justo, respeitando a liberdade política, os direitos humanos, a liberdade de expressão e o direito de organização de partidos.

Nesta terça-feira (15/08), Lerner disse que há perspectivas positivas sobre o cumprimento do calendário eleitoral no Paraguai, o que seria um sinal do compromisso com a democracia no país. Além disso, o presidente do Grupo de Alto Nível anunciou que os países da Unasul decidiram manter posição única na próxima reunião da OEA (Organização dos Estados Americanos), onde a situação paraguaia será discutida, informou a agência IPParaguay.

No fim deste mês, os integrantes do Grupo de Alto Nível da Unasul voltam a se reunir para mais uma etapa de análise sobre a situação política do Paraguai.

Franco vê eventual expulsão da Unasul como "uma medalha"‎

Presidente do Paraguai disse não estar preocupado com suspensão temporária de bloco, um "clube de presidentes"

Enquanto o Grupo de Alto Nível da Unasul se reunia para ratificar a suspensão do Paraguai do bloco, o presidente do país minimizou a importância do grupo regional em entrevista à rádio 970 AM de Assunção. Segundo Federico Franco, o bloco pode ser qualificado com um “clube de presidentes”.

“Se a Unasul nos expulsar, para mim, isso seria uma ascensão, até mesmo uma medalha”, disse Franco nesta terça-feira (14/08). “Não estou agitado com isso e muito menos, com taquicardia”, acrescentou ele.

A Unasul decidiu suspender a participação do Paraguai por considerar que o novo governo do país rompeu com a cláusula democrática do bloco, que estabelece o dever de manter a ordem democrática entre os países membros. Segundo o grupo, o processo de impeachment de Lugo “não contou com as garantias jurídicas suficientes”.

O presidente, no entanto, lamentou a suspensão do Paraguai do Mercosul. “É nossa realidade, nosso cotidiano”, disse ele segundo a rádio Ñandutí. “Nós precisamos ter boas relações com os nossos vizinhos, sobretudo quando temos vizinhos poderosos”, completou. Na semana passada, Franco causou polêmica ao anunciar que não venderia mais energia ao Brasil e à Argentina, parceiros em usinas hidrelétricas.

Franco também destacou a importância da OEA (Organização de Estados Americanos) como “exemplo de democracia”. O bloco ainda não decidiu o status do Paraguai depois da destituição de Lugo.

Organizações marcham contra Franco no primeiro dia de Fórum Social paraguaio
Manifestantes em Assunção protestam contra o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo

Centenas de paraguaios marcharam nesta terça-feira (14/08), em Assunção, capital do país, contra o governo de Federico Franco. Os manifestantes, membros de diversas organizações sociais, percorreram as ruas da cidade com bandeiras e cartazes críticos aos rumos adotados pela administração do ex-vice de Fernando Lugo, destituído há um mês e meio.

As mensagens contra Franco, cantadas e mostrada dos cartazes, mencionavam rejeição ao golpe parlamentar contra Lugo, ao uso de sementes transgênicas de algodão e milho transgênico pelo agronegócio e à falta de soberania alimentar, democracia e participação popular. “Fora Rio Tínto” foi um dos gritos, em referência ao projeto governista de instalação da multinacional mineira em território paraguaio.

[Pichação em muro na capital paraguaia: "Para que serviu meu voto?"]

A manifestação era um dos eventos previstos no Fórum Social, realizado nestas terça e quarta-feira (14 e 15/08) pela organização “Paraguai Resiste”, criada após o impeachment de Lugo. Anunciado como apartidário, o evento visa o debate sobre a atualidade política, econômica e social do país, entre estudantes, camponeses, indígenas e ativistas.


Realizadas sob tendas na Praça de Armas, em frente ao Congresso, as mesas de discussão abordam assuntos como soberania energética e alimentar, reforma agrária, inclusão, direitos humanos, criminalização de movimentos sociais, políticas públicas de migração, questões de gênero, democratização do acesso à informação e concentração de veículos de comunicação por grupos de poder.

Ao confirmar a realização do evento, David Cardozo, um dos organizadores, afirmou que o espaço servirá para definir as linhas da luta e o modelo de país desejado pelas organizações sociais. A presença de Lugo não foi confirmada, mas organizadores consultados pelo Opera Mundi preveem a realização de um ato final no qual entreguem ao ex-presidente uma ata com as conclusões nascidas dos debates.

Opera Mundi



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