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 Manifestações surpreenderam poder político

O presidente da Casa do Brasil de Lisboa afirmou hoje que os brasileiros estão a fazer história com as manifestações em defesa dos seus direitos, sublinhando que o poder político foi surpreendido com os protestos.

“É um momento histórico quando há uma nação onde mais de um milhão de pessoas sai à rua pela luta dos seus direitos, depois de um tempo adormecido”, disse Fabrício Soares à agência Lusa a propósito das manifestações no Brasil.

O presidente da Casa do Brasil de Lisboa defendeu que “é necessário uma mudança no sistema político e no comando do país”.

“Essa mudança já é precisa há muito tempo”, sustentou, sublinhando que o Brasil é um país em expansão, mas o desenvolvimento “é desigual e está a aumentar o buraco da desigualdade que existe entre as pessoas com mais poder e menos”.

Fabrício Soares afirmou também que “o poder político não estava à espera deste tipo de manifestações”, numa altura em que está a decorrer a taça das confederações em futebol e realiza, no próximo ano, o campeonato do mundo.

“No país do futebol e com dois grandes eventos desportivos, entre eles uma copa do mundo, pensava-se que o povo estava concentrado no futebol. Não estavam preparados para isto”, disse.

O mesmo responsável sublinhou que o poder político ficou surpreendido, sustentando que “nem só de futebol vivem os brasileiros” e os “20 centavos foram a gota de água”.

O presidente da Casa do Brasil referia-se ao aumento do preço dos transportes públicos, que esteve na origem dos protestos sem São Paulo, mas que rapidamente se estenderam a outras cidades.

A repressão policial às manifestações motivou outras pessoas a protestarem pela paz e pelo direito de manifestação, bem como outras queixas, entre quais corrupção e a falta de transparência.

Em particular, as manifestações criticam os elevados gastos com a organização de eventos desportivos como o Mundial2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, em detrimento de outras áreas como a saúde e na educação.

Fabrício Soares manifesta-se a favor das manifestações, mas sublinhou que a maioria dos brasileiros, tal como ele, é contra protestos violentos e os que destroem o património público.

“Estas manifestações violentas não ajudam em nada. São mal-intencionadas que aparecem não se sabe de onde para destabilizar”, referiu

Para o presidente da Casa do Brasil, as manifestações vão durar mais algum tempo, mas é difícil saber até quando e quais as consequências.

Os protestos começaram no início de junho em São Paulo, exclusivamente contra a subida das tarifas dos transportes públicos, mas estenderam-se a outras cidades no Brasil e de outros países.

A repressão policial às manifestações motivou outras pessoas a protestarem pela paz e pelo direito de manifestação, bem como outras queixas, entre quais corrupção e a falta de transparência.

Em particular, as manifestações criticam os elevados gastos com a organização de eventos desportivos como o Mundial2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, em detrimento de outras áreas como a saúde e a educação.

Manifestações no Brasil surpreenderam a Fifa, diz porta-voz

As manifestações estão acontecendo em diversas partes do país (Foto: Divulgação)

A Federação Internacional de Futebol (Fifa) foi supreendida pelos protestos que acontecem em várias cidades brasileiras durante a Copa das Confederações. Segundo o porta-voz da federação, Pekka Odriozola, “ninguém estava esperando” as manifestações, que protestam, entre outras coisas, sobre os gastos públicos para a realização da Copa do Mundo de 2014.

Mesmo sem esperar que acontecessem as manifestações, segundo o porta-voz do Comitê Organizador Local da Copa das Confederações, Saint-Clair Milesi, a organização do evento estava preparada para diversos cenários envolvendo a segurança dos envolvidos no torneio.

“Do lado operacional, para as medidas de segurança, nós pensamos em muitos cenários, mas não esperamos que isso fosse acontecer. Você precisa estar preparado para qualquer coisa”, disse Milesi.

Milesi qualificou como um boato a informação de que a Itália planejava deixar a Copa das Confederações devido aos protestos. “A própria Itália está achando absurda [essa informação]”, disse o porta-voz do Comitê. De acordo com a Fifa, nenhuma seleção fez um pedido oficial para abandonar a competição.

Pekka Odriozola descartou cancelar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014. Segundo ele, não há como dizer se haverá mudança no esquema de segurança para o evento que acontecerá no Brasil no ano que vem. “Faremos análises após a Copa das Confederações, para avaliar o que deu certo e o que deu errado”, afirmou.

Sobre o apedrejamento de ônibus da Fifa em Salvador ontem, Odriozola informou que ninguém ficou ferido porque os veículos estavam estacionados, vazios, quando foram alvejados por manifestantes. Segundo o porta-voz, o presidente da entidade, Joseph Blatter, que não está mais no Brasil, está sendo constantemente informado sobre os protestos no país.

Kobe Bryant apoia manifestações no Brasil


No Brasil para participar de uma série de ações de seu patrocinador pessoal, a Nike, o astro do Los Angeles Lakers Kobe Bryant mostrou-se favorável às manifestações que tomam conta do país desde a semana passada.

-É importante para as pessoas terem voz e se sentirem ouvidas (pelos governantes). Se você sente que sua opinião, valerá para alguma coisa, deve falar. Espero apenas que (os protestos) sejam feitos de maneira segura, sem violência - disse o astro, durante inauguração de uma loja em São Paulo.

Como algumas manifestações descambaram para a violência, como foi visto ontem em Brasília, no Rio de Janeiro e em outras capitais do país, Kobe foi questionado se temia pela sua segurança no país. Ele negou.

- Eu não tive medo de nada e nem estou apreensivo que algo possa acontecer - afirmou.

Manifestações no Brasil registram duas mortes

Duas mortes foram registradas relacionadas aos protestos desta quinta-feira (21). Um estudante de 18 anos de Ribeirão Preto morreu atropelado e uma gari, de 54 anos, morreu nesta manhã após ter inalado gás lacrimogênio em Belém (PA).

O jovem Marcos Delefrate participava da manifestação e foi atropelado, com outras três pessoas, na esquina das avenidas João Fiúsa e José Adolfo Bianco Molina, área nobre de Ribeirão. Ele morreu após ser atropelado, segundo testemunhas, quando um carro tentou furar o bloqueio montado por manifestantes.

De acordo com comunicado emitido pela CCS (Coordenadoria de Comunicação Social), a "tragédia trouxe indignação e tristeza".

Marcos terminava o ensino médio, fazia curso de mecânica no Senai, trabalhava e sonhava em ser fisiculturista, conforme relatos de amigos. A Prefeitura de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) declarou luto oficial de três dias.

Em Bélem, no Pará, a gari Cleonice Vieira de Moraes morreu na manhã desta sexta-feira (21), após ter inalado gás lacrimogêneo lançado pela Polícia Militar (PM) durante confronto com manifestantes no dia anterior.
A vítima trabalhava na limpeza noturna do centro de Belém.

Ontem, durante a radicalização dos protestos em frente à prefeitura da cidade, Cleonice e outros trabalhadores se protegeram dentro do monumento de um bonde restaurado para visitação turística na cidade.

Após a explosão das bombas, a gari passou mal, teve uma parada cardíaca e foi socorrida. A vítima tomava remédios controlados para hipertensão.

O secretário de Saneamento de Belém, Luiz Otávio Mota, disse que os trabalhadores não foram obrigados a permanecer no local, mesmo com os confrontos.

"Não existiu essa ordem, de acordo com as informações que nós temos. O que aconteceu foi uma grande fatalidade", afirma o secretário. Ele disse que as circunstâncias da morte ainda serão mais bem avaliadas.

A PM ainda não se pronunciou sobre o caso.

Presidenta do Brasil reúne-se com ministro para avaliar protestos

Brasília, 21 jun (Prensa Latina) A presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, se reunirá hoje com o ministro de Justiça, José Eduardo Cardoso, para analisar a situação do país depois dos massivos protestos registrados em cerca de 100 cidades.
A reunião, prevista para esta manhã no Palácio do Planalto, foi anunciada pela secretaria de Comunicação da Presidência.

Jornais brasileiros informaram que a presidenta convidou outros ministros para participar deste encontro.

Rousseff mantém um monitoramento constante dos protestos, iniciados na semana passada contra o aumento da tarifa do transporte público e que depois incorporaram outras reivindicações, como mais investimentos em educação e saúde, mais escolas e hospitais, menos violência e mais segurança.

Os manifestantes criticam também os excessivos gastos (cerca de 15 bilhões de dólares) desembolsados para organizar a Copa das Confederações e o Mundial de 2014.

A presidenta esteve ontem à noite no Palácio do Planalto até as 20:30 hora local, quando nas proximidades do Congresso Nacional cerca de 30 mil pessoas se pronunciaram contra o dinheiro investido na preparação desta Copa das Confederações e do Mundial do próximo ano.

Pouco antes de abandonar a sede da Presidência, a chefa de Estado reuniu-se com a secretária de Gabinete, Gleisi Hoffman.

Devido aos protestos que ocorrem neste território, a presidenta cancelou ontem uma viagem ao Japão, prevista para a próxima semana, e suspendeu sua participação esta sexta-feira na apresentação de um programa de apoio aos agricultores em regiões áridas na cidade de Salvador, estado da Bahia.

As manifestações também fizeram com que o vice-presidente do Brasil Michel Temer interrompesse sua visita oficial a Israel e retornasse ao país.



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