Ministro diz que defesa do Atlântico Sul pode ocorrer sem militarização
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Ministro diz que defesa do Atlântico Sul pode ocorrer sem militarização


A expansão das atividades navais da Marinha do Brasil em direção à África ocorre em um momento em que Estados Unidos, Grã-Bretanha e outras potências também demonstram interesse pelo Atlântico Sul. Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, o Brasil defende a segurança da região, porém não a sua militarização.

“O Brasil não é um país que tenha inimigos, mas ele não pode descuidar de seus interesses e ninguém pode descuidar da sua própria defesa”, disse Amorim à BBC Brasil.

“O Atlântico Sul é uma área natural do nosso interesse, independentemente de outros países estarem fazendo isso ou aquilo”.

Segundo o pesquisador da Unesp (Universidade Estadual Paulista) Hector Saint-Pierre, o ato mais significativo dos Estados Unidos em relação à região foi a reativação, em 2008, de sua Quarta Frota.
Entre os principais objetivos da medida estava manter a presença americana nos mares da região da América do Sul. Mas isso não ocorre por meio de concentração de tropas, e sim pela participação, por exemplo, em exercícios militares com forças locais. Ou ainda pela realização de uma série de ações humanitárias – como o envio de navios-hospitais.

Porém, apenas uma estrutura administrativa foi criada. Nenhum grupo de navios de combate foi deslocado permanentemente para a Quarta Frota. Geralmente quando é preciso fazer uma operação naval, outras embarcações americanas são deslocadas para a região.

Malvinas

Já a Grã-Bretanha mantém uma presença permanente no Atlântico Sul, com o objetivo principal de proteger seus territórios ultramarinos, segundo Saint-Pierre.

Os principais focos de atenção são as ilhas Malvinas (Falklands para os britânicos), Georgia do Sul e Sandwich, no sul do Atlântico, próximo à Argentina – guardadas permanentemente por ao menos um navio de guerra britânico (atualmente o HMS Clyde, um navio de patrulha).

A Grã-Bretanha mantém também portos nas ilhas Santa Helena, Ascension e Tristan da Cunha – posicionadas aproximadamente na metade do trajeto entre a América do Sul e a África.

Além da presença militar permanente em seus arquipélagos, a Grã-Bretanha envia regularmente navios de guerra ao litoral do oeste da África – com missões semelhantes às dos navios brasileiros de patrulha: treinar as Marinhas locais e ajudá-las a combater a pirataria crescente, além de cumprir objetivos de aproximação diplomática.
No ano de 2012 foi notório o envio ao oeste da África de uma das joias da Marinha Real, o HMS Dauntless – um destróier de 150 metros de comprimento, totalmente movido a eletricidade (45% mais eficiente que seus antecessores) e com os mais modernos sistemas de armas da atualidade. Ele aportou em diversos países africanos, recebeu tripulações locais e participou de exercícios militares.

Neste ano, desde março, a fragata HMS Argyll desempenha as missões de treinamento e combate à pirataria. Ela já fez escalas na Nigéria e na Namíbia.

A França, cujos navios de guerra participam ativamente de operações da União Europeia de combate à pirataria e escolta de navios civis no golfo de Áden (a leste da África), também mantém operações navais no oeste africano.
No ano passado, alguns de seus navios de guerra participaram de exercícios de larga escala com a Marinha britânica e outras dez nações próximo à costa do Senegal, para treinar forças africanas no combate ao tráfico de pessoas, pirataria, tráfico de drogas e pesca ilegal.

Segundo Saint-Pierre, embora não possua embarcações militares em caráter permanente no Atlântico sul, a China possui grande interesse na região – dentro de sua política de proteção a navios civis em rotas comerciais. “Cerca de 80% do comércio (marítimo) chinês passa pelo Atlântico Sul”, disse o pesquisador à BBC Brasil.
Diplomacia

“Todo e qualquer país que tenha tráfego marinho robusto, caso do Brasil, China, tem obrigação de proteger seu tráfego marítimo, é natural”, disse o contra-almirante Flávio Augusto Viana Rocha, subchefe de Estratégia do Estado Maior da Armada do Brasil.

O governo brasileiro prega a defesa do Atlântico Sul e o combate a crimes como a pirataria e o tráfico de drogas, mas se opõe ao desdobramento de forças de ataque no oceano.

Além de manter a cooperação militar com os países do oeste africano, o país atua no campo diplomático no âmbito da Zopacas (Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul) – um canal de negociação que envolve 24 países há mais de 20 anos. O bloco discute a não proliferação de armas nucleares na região e a redução dos contingentes militares de seus membros atuando em outras regiões do mundo.

“O Atlântico Sul é uma área de cooperação, área onde se fomenta a parceria. Agora estamos nos planejando estrategicamente, num futuro próximo, para estarmos mais ainda preparados para qualquer postura diferente dessa”, disse o contra-almirante Rocha.

FONTE: BBC Brasil



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