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No G20, a proposta mais concreta foi o fundo cambial do BRICS
No encontro do G20 da semana passada, no meio de resultados pouco concretos sobre temas genéricos, entre os quais a necessidade de impulsionar a economia mundial, e outros de difícil implementação, como a regulação do sistema financeiro internacional, ao menos foi apresentado algo um pouco mais palpável. Não pela cúpula das 20 nações, mas pela mini-cúpula formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul: a criação de um fundo cambial que sirva de “colchão” para os países do BRICS em caso de agravamento da crise monetária.
A proposta anunciada pelo presidente russo Vladimir Putin em São Petersburgo, já discutida preliminarmente na reunião dos cinco países em Durban (África do Sul), em março, quer acelerar as negociações para deixar ao menos US$ 100 bilhões disponíveis a partir de 2015.
Recheada de desafios técnicos à frente, a discussão entre os presidentes Xi Jinping (China), Jacob Zuma (África do Sul), Vladimir Putin, Dilma Rousseff e o primeiro-ministro da Índia Manmohan Singh serviu também para acalmar os mercados quanto aos riscos cambiais que as economias emergentes vêm passando nos últimos meses. Com exceção da China, todas as outras maiores economias emergentes do BRICS vêm sofrendo com a depreciação de suas moedas.
O Brasil nos últimos dias conseguiu estancar a valorização do dólar, mas a situação chegou quase à gravidade, com mais de 15% de perda de valor do real em pouco mais de três meses, com o Banco Central tendo que agir diariamente por meio de leilões para irrigar o sistema. A Rússia também observou a retração do rublo em torno de 10%. Mas a maior desvalorização vinha sendo a da rúpia indiana, em 25%.
Os perigos que rondam os emergentes ainda estão presentes, pois a fase do dólar barato que fluía parece definitivamente afastada. Se a Reserva Federal (FED) cortar de fato os estímulos à economia americana, como vem ameaçando, a situação poderá se agravar com menos liquidez de dólares nas praças mundiais. Resta que China não apresente uma desaceleração, o que nos últimos dias parece ter sido afastada, e que a economia dos Estados Unidos reacenda solidamente. E que eles também não invadam ou ataquem a Síria, desencadeando uma guerra que abale mais a economia mundial.
Essa "mini-crise" dos emergentes, que também foi discutida na cúpula de São Petersburgo, depois de nove cúpulas nas quais a crise dos países ricos foi o centro dos debates, serviu de motor para uma mais estreita colaboração entre membros do BRICS.
Embora não haja uma definição precisa dos aportes de recursos no futuro fundo cambial, as autoridades russas chegaram a mencionar que Brasil, Rússia e Índia doariam US$ 18 bilhões cada, US$ 5 bilhões viriam da África do Sul, e a China entraria com US$ 41 bilhões. Com excepcionais quase US$ 3,5 trilhões de reservas, e a principal economia do bloco, é certo que a China dominará essa alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
A agenda do BRICS, que já vinha encaminhando discussões sobre a possível formalização do bloco como organismo multilateral, com sede e tudo, além até da criação de um banco comum, dá um passo bastante concreto agora.
Ainda que possa demorar, como bem disse o ministro-adjunto da Finanças da Rússia Serguei Storchak (“há temas sistemáticos complicados e as negociações são difíceis”) e se, até lá, o cenário não mudar ou mesmo piorar, ao menos o anúncio de se montar um fundo comum de reservas pode forçar os parceiros a não deixarem de tomar decisões.
Com tantos organismos internacionais dominados pelas nações mais ricas, mas em crise, as assimetrias destas com Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ficam mais evidentes.
Voz da Rússia
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