Em nota à Tribuna, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) afirmou desconhecer a existência de chemtrails, seja de produção intencional ou não. A agência explicou que é natural a formação das trilhas de condensação (ou contrails, do inglês condensation trails), fruto da combustão dos motores em altitudes. “Normalmente, as reações dentro do motor não são perfeitamente balanceadas, o que gera subprodutos: os poluentes. Ainda que a combustão fosse uma reação estequiométrica (reação perfeita), em seu produto final estariam presentes dióxido de carbono e vapor d’água. As moléculas de água são liberadas na atmosfera a uma temperatura bem superior às moléculas de ar encontradas nas altitudes de cruzeiro de aeronaves. Desta forma, há uma rápida troca de energia entre as moléculas de água e as moléculas do ar, fazendo com que as de água percam energia e se condensem em forma de gotículas, que, vistas do solo, se assemelham a uma nuvem branca no rastro das aeronaves”.
Comandante em voos nacionais e internacionais, o piloto juiz-forano Marcel Cupertino Amarante Guerra ratifica a explicação e acrescenta que as temperaturas durante os voos que realiza chegam a aproximadamente 50 graus negativos, em altitudes de cerca de 40 mil pés. “O ar quente que sai das turbinas, em contato com essas temperaturas baixíssimas, condensa e forma esses rastros naturalmente. Desconheço que isso seja usado para lançar produtos químicos na atmosfera.”
O presidente do Aeroclube de Juiz de Fora, Douglas Fedóceo, completa: “Nessa época do ano, esse fenômeno fica muito visível porque o céu costuma estar sem muitas nuvens.”
Ainda conforme a ANAC, o fenômeno dos contrails, mesmo que naturais, são estudados porque, apesar das incertezas científicas, suspeita-se que a formação de nuvens semeadas por essas trilhas de condensação teriam efeitos sobre o aquecimento global. A agência também explica que existe a possibilidade de haver chuvas artificiais, provocadas pela pulverização de cloreto de sódio sobre as nuvens. Este procedimento é autorizado pelo Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) e não traz prejuízos ao meio ambiente. Também em nota, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou que o comando não pesquisa as trilhas químicas, portanto, não tem como emitir parecer sobre o tema.