Arquitetos e construtores por excelência
Os maias eram especialistas em trabalhar com pedra e construíram grandes pirâmides e templos com argamassa e calcário. Essas pirâmides têm notável semelhança com as pirâmides do Egito, o que no passado levou alguns a concluir erroneamente que os maias eram na realidade descendentes dos egípcios.
Ruínas de cidades maias construídas de pedra foram encontradas na Guatemala, em Honduras e em Yucatán, no sul do México. No apogeu, o império maia abrangia mais de 40 cidades desse tipo, cada uma com população que variava entre 5.000 e 50.000 habitantes. De acordo com The New Encyclopædia Britannica, “no seu auge, a população maia pode ter chegado a 2.000.000. A maioria habitava as planícies do que hoje é a Guatemala”.
A construção dessas cidades com suas magníficas estruturas de pedra teria sido impossível não fossem os estrênuos esforços dos cultivadores de milho. Além de plantar para a subsistência da família, eles tinham de trabalhar nas construções. Não bastasse isso, era sua obrigação cultivar alimentos para os nobres e para os sacerdotes, cujas atribuições eram consideradas mais importantes.
Vida familiar
As famílias maias eram unidas. Era comum avós, pais e filhos viverem sob o mesmo teto. A maior parte do trabalho no campo era realizada por homens e meninos mais velhos. As meninas aprendiam a cozinhar, a fazer roupas e a cuidar dos irmãozinhos.
Os lavradores plantavam abacate, pimenta e batata-doce. Mas o alimento básico era o milho, que as mulheres e as meninas preparavam de diversas maneiras. Elas faziam por exemplo uma espécie de panqueca, hoje conhecida como tortilla. Até mesmo a bebida alcoólica chamada balche era à base de milho. Calcula-se hoje que cerca de 75% dos pratos maias levem milho ou seus derivados, e é bem possível que a proporção tenha sido ainda maior no passado.
Pluralidade de deuses e deusas
A religião tinha destaque na vida dos maias. Eles adoravam uma pluralidade de deuses — certo documento menciona 160. Para mencionar apenas alguns, havia o deus criador, o deus do milho, o deus da chuva e o deus-sol. As mulheres faziam peregrinações ao templo da deusa Ixchel na ilha de Cozumel para orar pela fertilidade ou, se já estivessem grávidas, para terem um bom parto.
Cada dia tinha um significado religioso e cada mês do calendário maia tinha sua própria festividade. O sepultamento dos mortos era acompanhado de cerimônias especiais. O corpo era pintado de vermelho e embrulhado numa esteira de palha com alguns pertences pessoais. Depois era enterrado sob o piso da casa onde a pessoa havia morado. Havia algumas diferenças no caso dos governantes, cujo corpo era depositado numa pirâmide sob um templo. Junto eram sepultados os servos, que eram sacrificados, e também diversos utensílios que acreditavam ser úteis no além.
Como parte dos ritos religiosos, era costume furarem as orelhas ou as extremidades dos membros inferiores. Perfuravam até mesmo a língua. As representações em murais e cerâmica não deixam dúvida de que os sacrifícios também faziam parte da adoração. “Os maias sacrificavam diversos animais”, escreve o Dr. Max Shein no livro The Precolumbian Child (Crianças na Era Pré-Colombiana), “mas o sacrifício supremo era de vidas humanas. Escolhiam como vítimas não só soldados inimigos e escravos, mas também crianças livres de ambos os sexos”. Segundo certos historiadores, as meninas oferecidas como noivas ao deus da chuva eram jogadas vivas num lago sagrado em Chichén Itzá. Se a menina sobrevivesse até o pôr-do-sol, entendia-se que o deus da chuva estava satisfeito com a noiva oferecida anteriormente, e a menina era tirada das águas.
Os maias hoje
Depois de 900 EC, diz The New Encyclopædia Britannica, “a clássica civilização maia declinou abruptamente: as grandes cidades e os centros cerimoniais ficaram vazios e foram tomados pela selva”. Ninguém sabe dizer ao certo o que provocou o desaparecimento dos maias. Alguns dizem que foi a exaustão do solo fértil. Há quem diga que a escassez de alimentos levou os camponeses a práticas agrícolas destrutivas, enquanto outros fugiram para cidades pobres que já estavam apinhadas. Quaisquer que sejam as causas, os maias não desapareceram completamente. Restam ainda uns dois milhões deles, principalmente na parte norte de Yucatán e na Guatemala.
A maioria dos maias hoje é católica nominal, e a Igreja tem feito grandes esforços para conquistar a população nativa. Por exemplo, um relatório da Associated Press diz que “em 1992 — aniversário de 500 anos da conquista da Guatemala pelos espanhóis — a Igreja Católica da Guatemala emitiu um pedido de desculpas formal pelos abusos cometidos contra os nativos na época da evangelização na Guatemala”.
Mas para os maias, ser católico não significa abandonar a religião de seus antepassados. Pelo contrário, muitos sacerdotes católicos aceitam o sincretismo das práticas da Igreja com os ensinos e rituais dos nativos. Por exemplo, os maias há muito acreditam no animismo — a crença de que objetos, animados ou inanimados, têm vida. Esse conceito é aceito pela Igreja, embora sob o manto do catolicismo. Alguns líderes da Igreja se perguntam quanto paganismo a Igreja pode tolerar e ainda assim se chamar cristã.