Os segredos da histórica batalha de Yabroud
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Os segredos da histórica batalha de Yabroud


Semanas depois da retomada da pequena mas estratégica cidade de Yabroud (ou Yabrud), libertada pelo Exército Sírio e comandos da resistência libanesa Hezbollah no dia 15 de março de 2014, recebemos este relato com detalhes da histórica batalha. A cidade de Yabroud tem aproximadamente 50.000 habitantes, localizada a 80 Km. ao norte de Damasco e mais de 1500 metros de altitude. Existem em Yabroud pequenas comunidades onde ainda se fala o aramaico. Rodeada de montanhas, era usada como base de abastecimento dos grupos rebeldes. Entenda como aconteceu a retomada.

Fonte: Al-Ahed News
Tradução: Natalia Forcat

Como as defesas da oposição entraram em colapso

Assim como começou a batalha de Yabroud culminou com uma vitória retumbante. A libertação da cidade central de Al-Qalamun não precisou mais do que algumas horas desde o entardecer de sexta-feira até a madrugada de domingo, a fortaleza dos rebeldes armados entrou em colapso mais rapidamente que o esperado. A destruição da primeira linha defensiva dos rebeldes armados por unidades do Exército Sírio apoiado pelo Hezbollah desequilibrou as fileiras dos terroristas. Daí começou a queda gradual. Como entrou em colapso o bastião das milícias armadas da oposição nas montanhas de Qalamun depois de meses de fortalecimento? E como foi neutralizada a eficácia de centenas de mísseis tipo “Kornet” e “Concours” que os terroristas da Frente Al-Nusra tinham capturado dos depósitos de armas do exército Sírio? E onde desapareceram os milhares de terroristas distribuídos entre as aldeias de Qalamun, ameaçando intensos combates com o exército Sírio e combatentes do Hezbollah?

Traição e início da queda

Perto das três horas da tarde de sexta-feira e sem aviso prévio, no meio das fileiras da oposição, ativistas divulgaram uma notícia repentina: “combatentes do Hezbollah entraram a Yabroud”. A notícia causou incertezas, ao mesmo tempo se espalharam boatos sobre a “traição” de um batalhão do chamado “exército livre”, que retirou-se do ponto fixado em torno do Hospital Nacional de Yabroud, o lugar onde aconteceu o assalto. Isso coincidiu com a morte de um chefe militar da “frente Al-Nusra” em Qalamun, Abu Azzam al-Kuwaiti, juntamente com quatro líderes do grupo em uma área longe das frentes de confronto. Tudo isto foi associado com a propagação da notícia, que afirmava que “algumas das figuras-chave nos batalhões do exército livre são infiltrados do governo sírio, e que eles mataram os cinco líderes da frente Al-Nursa”.

Ao mesmo tempo, um grande número de milicianos abandonou suas posições em Yabroud e retirou-se para a cidade de Rankus, na sua maioria membros de grupos do exército do Islã e brigada Qadisiyah, uma vez que estavam convencidos de que é impossível lutar contra o Hezbollah em uma guerra de guerrilha, e que o melhor plano era manter uma distância de dois a três quilômetros, como linha defensiva, o que permitiria usar mísseis contra os tanques do exército e impedir o seu avanço em direção à cidade, assim eles evitariam um confronto direto.

Enquanto as milícias da oposição se gabavam de ser “guerrilheiros mais ferozes do que os do Hezbollah”, justificavam a sua retirada pela incapacidade de resistir ao Hezbollah em um confronto de “guerrilheiros”, devido a que o Hezbollah possui “foguetes vulcão” capazes de destruir prédios inteiros, o que elimina a probabilidade de um refúgio para combater. Durante esse tempo, ativistas da oposição trocaram mensagens nas redes sociais falando sobre o “colapso moral” dentro das fileiras da oposição antes da queda de Yabroud.

Dez mil homens armados

Enquanto milhares de milicianos armados se encontravam em Yabroud e sua periferia, a maioria fugiu antes da batalha, no sentido de Rankus (sul) e Flitah (oeste). Apenas algumas centenas de homens dos grupos frente da Al-Nusra, brigada Verde e um terceiro grupo ficaram no campo de batalha.

“Os que carregam armas são mais de dez mil, mas os que realmente combatem não chegam a quinhentos,” disse um dos chefes militares ao ser interrogado sobre o número de milicianos em Qalamun.

“Os membros do chamado exército livre (ELS) foram os primeiros a sair, enquanto algumas facções de Al-Nusra lutaram até a morte”, acrescentou.

Corredores secretos e a infiltração

O jornal libanês Al-Akhbar revelou o plano de ataque, realizado pelo Exército Sírio, em cooperação com o Hezbollah, que destruiu as fortalezas dos milicianos atrincheirados em Yabroud. As fontes do jornal revelam que o primeiro ataque foi lançado a partir das fazendas de Rima em direção à entrada oriental de Yabroud e conseguiu destruir os pontos de reforço de milícia.

O sucesso deste avanço foi reforçado pelo elemento surpresa, dado que os milicianos da oposição previram que o ataque seria na frente Sohl-Flitah (norte), mas suas previsões não estavam certas. O avanço seguiu desde o monte Al-Akba em direção ao clube desportivo e o hospital de campanha. A informação destaca que os tanques do Exército Sírio desempenharam um papel fundamental na destruição das defesas dos milicianos armados e revela que o ataque foi realizado da seguinte forma:

Comandos formados por um pequeno número de homens (de 4 a 7) se aproximaram das colinas que dominam Yabroud, equipados com fuzis com mira telescópica e visão noturna. A missão desses comandos consistia em paralisar as equipes que reabasteciam os acampamentos dos milicianos rebeldes. Os tanques avançaram durante a noite para evitar os mísseis Kornet e Concourse e estacionaram nas colinas para destruir pontos determinados dentro da cidade, o processo foi realizado sob uma cortina de fogo pesado e constante.

Transformar as colinas em base de fogo

Enquanto isso, as escavadoras chegaram a abrir corredores e criar aterros para a passagem dos tanques até seu objetivo. Recebendo apoio constante das forças de elite que mantiveram violentos confrontos na periferia da cidade, os tanques conseguiram chegar até a entrada do Yabroud, também foram abertos corredores para cada uma das colinas de Kuwaiti, Mar Maron e Qatari que dominam a cidade de Yabroud. Então com a ajuda de artilharia pesada, aviões descarregaram dezenas de “barris explosivos”. Os milicianos, carentes de profissionalismo não contavam com uma linha de defesa alternativa, viram-se cercados e isso levou ao início do seu colapso moral final.

A fuga entre Rankous, Flita e Arsal

Sob o impacto dos enfrentamentos, centenas de milicianos, começaram a se retirar de Yabroud. As primeiras horas da manhã de domingo marcaram o “grande colapso” dentro das fileiras da milícia, mas isso não significou o fim dos confrontos que continuaram esporádicos em alguns bairros da cidade. O processo de retirada se deu em diferentes direções. Uma grande parte dos milicianos fugiu para as aldeias de Ras al-Ain, que abriga o quartel-general de Al-Nusra em Qalamun e Rankus. Outros grupos fugiram em direção a Flita e Ras Al-Maara, duas cidades próximas da cidade de Arsal, no Líbano. Enquanto outros continuaram sua marcha em território libanês, levando com eles um grande número de feridos.

Não se conhece o número exato de pessoas que morreram durante os combates, mas algumas fontes revelam que o número de combatentes do Hezbollah, que perderam a vida desde o início da batalha de Qalamun, há um mês atrás, possivelmente não ultrapasse quarenta mártires. Por outro lado, a oposição armada perdeu uns 400 milicianos. Outras fontes elevam este número a 600 mortos desde o início da batalha.

Oriente Mídia



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