Otimismo no Ocidente e desconfiança em Israel com novo presidente do Irã
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Otimismo no Ocidente e desconfiança em Israel com novo presidente do Irã


Os países ocidentais reagiram este sábado com otimismo à eleição do moderado Hassan Rohani para a Presidência do Irã, acenando com um desejo de aproximação e diálogo sobre a questão atômica, enquanto Israel demonstrou desconfiança, ao minimizar o papel do novo presidente, destacando que não é ele, mas o guia supremo do país, Ali Khameinei, quem decide sobre a política nuclear iraniana.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, cumprimentou o presidente eleito e afirmou que "continuará incentivando o Irã a ter um papel construtivo nos assuntos regionais e internacionais", disse seu porta-voz, Martin Nesirky.

Ban "tem a intenção de continuar trabalhando com as autoridades iranianas e o presidente eleito sobre os temas de importância para a comunidade internacional e o bem estar do povo iraniano", informou Nesirky em um comunicado.

O secretário-geral "nota com satisfação a alta taxa de participação" na votação, disse o porta-voz.

O Ocidente, assim como Israel – principal aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio -, suspeitam que o programa nuclear do Irã tem como objetivo desenvolver armas nucleares, mas o Irã insiste em que que tem fins pacíficos, como a geração de energia.

Por este motivo, há vários anos, a ONU e os países ocidentais têm imposto uma série de sanções ao Irã, denunciando que o país visa a se equipar com uma arma atômica.

Em um comunicado emitido pela Casa Branca após a eleição de Rohani, os Estados Unidos se disseram prontos a estabelecer um contato "direto" com o Irã sobre o programa nuclear do país.

"Os Estados Unidos estão prontos para se aproximar do governo iraniano diretamente a fim de alcançar uma solução diplomática que responda completamente às preocupações da comunidade sobre o programa nuclear do Irã", destacou o comunicado.

Embora tenha destacado que a votação de sexta-feira foi celebrada em um clima de falta de transparência, censura da mídia, da internet e de mensagens de texto e de "um intimidador ambiente de segurança que limitou a liberdade de expressão e reunião", a Casa Branca disse respeitar o desejo do povo iraniano e saudou sua participação nas eleições, elogiando "sua coragem em fazer com que suas vozes sejam ouvidas".

"Apesar destes obstáculos e limitações do governo, o povo iraniano estava determinado a agir para forjar seu futuro", acrescentou.

"É nossa esperança que o governo iraniano atenda o desejo do povo iraniano e faça escolhas responsáveis que criem um futuro melhor para todos os iranianos", destacou o comunicado.

Do outro lado do Atlântico, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, se disse "determinada" a trabalhar com seu governo sobre a questão nuclear.

"Dirijo meus melhores votos de sucesso ao senhor Rohani com a formação de um novo governo e com suas novas responsabilidades. Estou firmemente determinada a trabalhar com os novos dirigentes iranianos em prol de uma solução diplomática rápida para a questão nuclear", declarou Ashton em um comunicado.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, saudou também em um comunicado "uma votação no Irã pelas reformas e uma política externa construtiva".

"É de se esperar que a nova direção do país colabore neste sentido para chegar a soluções sobre as questões internacionais e regionais", acrescentou, segundo o comunicado do ministério.

"O senhor Westerwelle acompanhou as eleições no Irã e a proclamação dos resultados e é continuamente informado dos desenvolvimentos", destacou, ainda, o ministério neste comunicado, extremamente curto.

Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius, afirmou que a França está "disposta a trabalhar" com o novo presidente iraniano, especialmente no tema nuclear e "o compromisso do Irã na Síria".

"As expectativas da comunidade internacional com relação ao Irã são fortes, especialmente sobre seu programa nuclear e sua participação na Síria. Estamos dispostos a trabalhar no tema com o novo presidente", declarou em um comunicado Fabius, que saudou "a inquebrantável aspiração à democracia do povo iraniano".

Londres pediu a Rohani que "ponha o Irã em um novo caminho", em particular no que diz respeito às "inquietações internacionais sobre o programa nuclear iraniano".

"Tomamos nota de que Hassan Rohani venceu a eleição presidencial" iraniano, declarou o ministério britânico de Relações Exteriores em um comunicado.

"Pedimos que aproveite a oportunidade para por o Irã em um novo caminho para o futuro, ouvindo as preocupações internacionais sobre o programa nuclear iraniano, fazendo avançar uma relação construtiva com a comunidade internacional e melhorando a situação política e dos direitos humanos", acrescentou o Foreign Office.

Na Itália, a ministra das Relações Exteriores, Emma Bonino, afirmou que seu país espera lançar "uma relação de compreensão renovada e diálogo construtivo" com o Irã depois da eleição de Rohani.

"A Itália espera que, com o novo governo do presidente iraniano, (Hassan) Rohani, será possível trabalhar desenvolvendo relações bilaterais e começar sem demora uma era de compreensão renovada e diálogo construtivo entre o Irã e a comunidade internacional", afirmou em um comunicado.

Bonino acrescentou ter constatado "com agrado a correta realização da eleição presidencial no Irã".

Principal aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio, Israel minimizou o papel de Rohani, destacando que não é ele, mas o guia supremo, Ali Khameinei, quem decide sobre a política nuclear iraniana.

"O programa nuclear do Irã foi decidido até hoje por Khameini e não pelo presidente iraniano", destacou o Ministério israelense das Relações Exteriores, em um comunicado.

"Após as eleições, o Irã continuará a ser julgado por seus atos, tanto no campo nuclear como no do terrorismo. O Irã deve atender às demandas da comunidade internacional de suspender seu programa nuclear e cessar a propagação do terrorismo no mundo", acrescentou o texto.

O ministério, ainda, pôs em questão a moderação atribuída ao novo presidente iraniano.

"O presidente eleito do Irã foi selecionado pelo aiatolá Khamenei, que desqualificou e impediu de se apresentar os candidatos não conformes à sua visão extremista", afirmou.

Um alto funcionário israelense observou o desejo de mudança expresso pelos eleitores iranianos.

"O povo iraniano tem assinalado a seus dirigentes que é contrário à visão que tem levado a sanções e tornado sua vida mais difícil", declarou à AFP este alto funcionário, que pediu para ter sua identidade preservada.

"Se o Irã não respeitar as demandas da comunidade internacional e não suspender imediatamente seu programa nuclear, a comunidade internacional deve intensificar a pressão sobre o Irã", acrescentou.

Desta forma, fez eco às declarações do ministro israelense da Defesa, Moshé Yaalon, que se declarou, antes da divulgação dos resultados das eleições iranianas, favorável a um endurecimento das sanções contra o Irã, qualquer que fosse o resultado do pleito.

"É preciso endurecer as sanções contra o Irã e fazer este país compreender que a opção militar está sobre a mesa para deter o avanço de seu perigoso programa nuclear", afirmou o ministro, em visita aos Estados Unidos.

Na quarta-feira, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, já tinha afirmado que a eleição presidencial no Irã não mudaria em nada a política de Teerã. "Sempre haverá um único homem no poder buscando a potência nuclear", insistiu Netanyahu referindo-se a Khamenei.

AFP



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