PRONAe: obtenção dos porta-aviões pela MB ainda é um projeto distante; mas a luta por ele já começou
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PRONAe: obtenção dos porta-aviões pela MB ainda é um projeto distante; mas a luta por ele já começou


PA2
Maquete do projeto PA-2, concebido pela DCNS, que deslocará cerca de 59.000 toneladas — 9.000 a mais que o requisitado pela Marinha do Brasil no PRONAe

O que estará por trás do atual empenho – traduzido em pressões de toda a ordem (nem todas muito aconselháveis) – da DCNS para firmar, o mais rápido possível, o contrato de modernização do porta-aviões São Paulo?

A motivação corresponde apenas à polpuda recompensa financeira prevista por um serviço amplíssimo – e nunca tentado antes (!) – da troca da propulsão de um navio-aeródromo com 55 anos de uso?

Há quem diga que não.

Na opinião de alguns almirantes brasileiros, os franceses do grupo DCNS querem assinar logo o compromisso relativo ao Programa de Modernização de Meio (PMM) do São Paulo para assegurar uma espécie de bilhete azul – premiado –, que os deixariam como favoritos na concorrência a ser aberta, na metade final da década de 2020, para o Programa de Obtenção de Navios-Aeródromos, o PRONAe.

A Marinha do Brasil imagina que, amparada em uma boa assessoria externa, sua indústria naval possa construir dois porta-aviões grandes, com deslocamento na faixa das 50.000 toneladas – projeto que, por baixo, em números de hoje, não sai por menos de 7 ou 8 bilhões de dólares (talvez até mais, considerando o investimento que precisará ser feito na capacitação, material e de recursos humanos, do estaleiro selecionado para o empreendimento).

Até o fim do ano passado, o cronograma era, em linhas gerais, o seguinte: (a) PMM do São Paulo (A-12) entre os anos de 2015 e 2019; (b) extensão da “vida útil” do navio pelo período de 2019 a 2039; e (c) construção do primeiro porta-aviões previsto no PRONAE entre os anos de 2028 e 2038 (o segundo navio-aeródromo poderá ser construído em menos tempo).

Entretanto, isso já não está mais valendo.

Sea Gripen – Para o desgosto da DCNS, a Diretoria-Geral do Material da Marinha insiste em dizer que o Estudo de Exequibilidade da reforma do A-12 ainda não está concluído, o que deixa qualquer previsão de datas para a conclusão da remodelação do navio no terreno das hipóteses. O cronograma inicial previa 1.430 dias de trabalho, mas isso também é passado…

Como o novo comandante da Marinha, almirante Eduardo Leal Ferreira, é absolutamente contrário a um gasto exagerado na modernização do A-12, o mais adequado é admitir que todas as previsões acerca da extensão das obras no porta-aviões perderam a validade.

A12
O A-12 na Baía da Guanabara: com a troca da propulsão a vapor pela motorização diesel, proposta pela DCNS, o navio, em tese, terá um comportamento mais confiável, mas perderá um pouco em velocidade
E diante da severa escassez de recursos na Marinha o Programa de Modernização de Meio do São Paulo pode, simplesmente, ser deixado de lado? A resposta é, muito provavelmente, não.

Há que se pensar no futuro da Aviação de Asa Fixa brasileira, e na oportunidade que se abre aos aviadores navais, com a escolha, pela Força Aérea Brasileira (FAB), do caça sueco Gripen NG.

O Gripen naval – Sea Gripen – proposto pela SAAB possui dimensões e peso compatíveis com os requisitos de operação a bordo do A-12. E isso sem qualquer restrição importante.

Contudo, para operar o Sea Gripen o navio precisa passar por modernização principalmente no seu sistema de aviação – composto pelas duas catapultas (de vante e lateral) –, no sistema óptico de pouso (SOP), nos defletores de jato, no aparelho de parada (4 unidades), nos elevadores de aeronaves e, last but not least, no seu sistema de propulsão – onde a proposta é de substituir o sistema de caldeiras do velho porta-aviões francês Foch por uma motorização a diesel.

Igualdade – Por outro lado, é preciso dizer que a estratégia da DCNS de mirar no PMM do São Paulo para atingir o PRONAe está causando desconforto entre alguns chefes navais.

E não por um motivo específico, mas por vários.

Em primeiro lugar é preciso ter em conta que, oficialmente, a Marinha repele a tese do bilhete premiado.

De acordo com oficiais ouvidos por esta coluna, ainda que a DCNS seja aquinhoada com o contrato de modernização do A-12, a ideia é abrir a competição pelo PRONAE em situação de perfeita igualdade entre todos os potenciais interessados no programa.

Isso quer dizer que os franceses deverão ter, lado a lado com eles na competição, grupos empresariais de forte tradição na produção naval militar, como o Gibbs & Cox, dos Estados Unidos, a Navantia espanhola – que desfruta de boa posição junto à Marinha do Brasil – o Fincantieri italiano – um gigante de 23.000 empregados e 56 anos de história – e o BAE Systems Maritime britânico, que, neste momento, constrói dois navios-aeródromos de 70.000 toneladas. Mas, claro, nos próximos dez anos ainda pode aparecer uma boa proposta da vigorosa indústria naval chinesa, por exemplo…

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Concepção artística apresentada pela indústria chinesa do que poderá vir a ser um projeto de porta-aviões nos anos de 2020

Em segundo lugar é preciso considerar que a DCNS talvez venha fazendo pressão exagerada… no lugar errado!

Se os franceses queriam ver os recursos do PMM do São Paulo viabilizados, deveriam ter procurado não a Marinha – cujo poder de negociação por verbas parece, a essa altura, modestíssimo – mas a área econômica do governo, por meio do ministro da Defesa Jaques Wagner, executivo que desfruta da confiança pessoal da presidenta Dilma Roussef.

Sabe-se que, em maio, durante sua breve estadia em Paris, Wagner ouviu muitos apelos para viabilizar o dinheiro necessário à modernização do porta-aviões.

A todas essas gestões ele respondeu, invariavelmente, da mesma forma: seria necessário, primeiro, esperar que o governo definisse os números do ajuste fiscal – ou seja, o tamanho do corte de gastos que o governo pretendia fazer.

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O ministro da Defesa brasileiro, Jaques Wagner (à esq.), em companhia do presidente da DCNS, Hervé Guillou

E para o azar da DCNS, também isso não caminha bem.

O Congresso brasileiro insiste em contrariar as metas de economia de recursos fixadas pela área econômica da administração federal, e, enquanto esse embate perdurar, a liberação de verbas específicas – como a que servirá ao custeio dos serviços no porta-aviões – permanecerá em um horizonte de incertezas.

Finalmente, seria preciso que a DCNS corrigisse deficiências de seu desempenho no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), que prevê a construção de quatro submersíveis da classe Scorpène no complexo industrial-militar naval de Itaguaí (RJ).

Os franceses estão atrasando a entrega de materiais indispensáveis ao avanço de obras estruturais no submarino Riachuelo (S40), cabeça-de-série desse novo grupo de embarcações.

Plano Brasil



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