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PROSUB - OS DESAFIOS DA NACIONALIZAÇÃO
Anel em aço carbono especial obtido por forjamento circular, que será integrado em uma estrutura maior que servirá como porta de visita de um dos tanques do submarino. Foto - PROSIN
Entrevista om Vladimir Bravo Jabulka, Engenheiro Eletrônico formado pela Universidade de São Paulo e que atuou na Marinha do Brasil no desenvolvimento, fabricação e instalação de equipamentos e sistemas de Guerra Eletrônica e de Armas.
Atualmente é Engenheiro de Sistemas na PROSIN (Projetos e Sistemas Navais S.A.),subsidiária da DCNS no Brasil, desenvolvendo estudos de nacionalização na área de Engenharia de Sistemas Navais.
O que o motivou a trabalhar com Projetos e Programas de Nacionalização?
Penso que a autossuficiência tecnológica é imprescindível para a consolidação de um país como nação desenvolvida e independente. E o caminho para atingi-la é desenvolver e consolidar o ‘saber-fazer’, ou seja, capacitar-se para criar no país tecnologias e elaborar e executar projetos com o adequado grau de controle sobre todo o processo.
O que é Nacionalização para você?
Num primeiro momento poderíamos pensar que a Nacionalização trata apenas da aquisição local do maior número possível de produtos já existentes ou, caso estes não existam ‘de prateleira’, de se contratar seu projeto e fabricação a uma empresa nacional. Entretanto, esta é apenas uma das etapas de um complexo processo, que vai muito além das fases de detalhamento e execução.
Num contexto mais amplo, um Programa de Nacionalização deve abranger todas as fases de um projeto, e ter como principal objetivo desenvolver no país a necessária capacitação. E isto não significa nacionalizar 100% do projeto. Tomando um exemplo específico, considere um submarino nuclear francês, construído pela DCNS. Será que todos os seus sistemas e equipamentos são franceses? Não necessariamente. Porém, a DCNS domina integralmente as engenharias de projeto, construção e manutenção do navio, ou seja, domina o ‘saber-fazer’ ao nível considerado estrategicamente adequado. Este é o fator de maior peso tanto do ponto de vista estratégico quanto do econômico.
O que é importante no desenvolvimento de um Programa de Nacionalização?
Um Programa de Nacionalização deve ser pensado desde os primeiros momentos de um projeto. É importante que ele comece já na elaboração dos primeiros requisitos, onde são estabelecidas as respectivas diretrizes político-estratégicas associadas. Em continuidade, as especificações preliminares (requisitos técnicos de sistema) devem ser elaboradas levando em consideração o conhecimento e o potencial das instituições de pesquisa e desenvolvimento, e do mercado industrial nacional.
Para dar suporte a este trabalho, o país deve desenvolver sua própria política de fomento à Nacionalização, investindo e provendo outros incentivos que viabilizem o estabelecimento de uma base científica e industrial capacitada a atender às necessidades específicas de todos os setores da sociedade. No campo da Defesa deve-se ressaltar que o Brasil, principalmente através do Ministério da Defesa, em conjunto com as Forças Armadas e setores da Indústria (representados pela ABIMDE – Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança), vem desenvolvendo um amplo trabalho neste sentido.
Outro aspecto de grande importância é o aproveitamento das experiências adquiridas em Programas e projetos anteriores. Com exemplo, particularizando o setor naval, a Marinha do Brasil através do PROSUB (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), em parceria com a DCNS, implantou um extenso Programa de Nacionalização onde foram definidos diversos projetos de interesse em diferentes áreas de atuação.
Hoje existem cerca de 500 empresas brasileiras cadastradas, e suas capacitações e potencial para participação no Programa vem sendo cuidadosamente estudados, algumas das quais já com contratos assinados. E esta experiência vem sendo absorvida pela PROSIN (Projetos e Sistemas Navais S.A.), empresa brasileira subsidiária da DCNS, visando sua continuidade e aplicação também em projetos e construção de navios de superfície no Brasil.
Quais são os benefícios e desafios encontrados nestes Programas?
O principal benefício é o desenvolvimento no país da capacidade de decidir, em cada fase específica, qual é o melhor caminho a seguir na implementação de um projeto, identificando os bens e serviços estrategicamente imprescindíveis de serem produzidos no país, com total controle sobre o grau de Nacionalização desejado. Além disso, os Programas de Nacionalização permitem fortalecer os setores de pesquisa, desenvolvimento e da indústria nacionais, alicerces indispensáveis e principais responsáveis pelo domínio das tecnologias e pela execução dos projetos definidos como estratégicos.
Entre os desafios destaco a importância de se promover um aumento nos incentivos e investimentos em qualificação de pessoal e capacitação de empresas, e em políticas que permitam a continuidade e a consolidação deste processo e dos Programas de Nacionalização já em andamento. Estas políticas devem permitir que todos os setores envolvidos, especialmente o industrial, possam assumir compromissos de longo prazo, viabilizando sua participação não apenas em projetos futuros, mas também no suporte, durante todo o ciclo de vida, aos produtos já desenvolvidos e entregues para o usuário final.
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