Putin na Normandia: depois das reuniões permanece a incógnita
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Putin na Normandia: depois das reuniões permanece a incógnita


Começaram na Normandia as comemorações por ocasião dos 70 anos do desembarque das tropas aliadas, mas apesar de toda a importância do evento, a mídia internacional desta vez está menos interessada nas comemorações. Sua atenção está voltada para os encontros dos líderes ocidentais com Vladimir Putin.

Os últimos acontecimentos da Europa Central tiveram reflexos na composição dos participantes das cerimônias solenes que decorrem na Normandia. A organização considerou necessário convidar o presidente eleito da Ucrânia. Aliás, já se sabia desde o início: a crise ucraniana será o tema principal de todos os encontros informais à margem das cerimônias.

O frenesim à volta da chegada de Putin a França é compreensível: este é o primeiro encontro do presidente russo com os parceiros ocidentais depois da reunificação da Crimeia com a Rússia. Segundo referem os analistas, uma oportunidade destas demorará muito tempo até surgir novamente. Na atual situação ninguém quer organizar visitas oficiais e não se prevêem outras datas comemorativas que proporcionem encontros de bastidores. Assim, os líderes decidiram aproveitar esta oportunidade.

Putin se encontrou, logo após a chegada a Paris na quinta-feira, com o premiê britânico David Cameron. Um pouco mais tarde, já no Palácio do Eliseu, o líder russo trocou impressões com o seu homólogo francês François Hollande. Os próprios líderes não comentaram os resultados das reuniões. Já a declaração sobre ambos os encontros proferida pelo secretário de imprensa do presidente russo Dmitri Peskov foi lacônica.

Segundo informou Peskov, os líderes discutiram as perspectivas das relações bilaterais e as possibilidades de regularização da crise na Ucrânia. Os jornalistas esperavam que haveria mais revelações depois da agradável conversa entre dois velhos amigos – Vladimir Putin e a chanceler alemã Angela Merkel. Esta reunião decorreu na estância turística de Deauville. Para desapontamento dos representantes da mídia, também este encontro decorreu à porta fechada. Os serviços de imprensa informaram que os líderes procuraram “soluções e compromissos” para a resolução do problema ucraniano.

Não há nada de estranho no “secretismo” dessas negociações. Na opinião dos analistas, o objetivo dessas conversas não foi a busca de quaisquer soluções radicais, mas antes uma tentativa de definir o status quo. Ninguém está interessado na continuação da escalada desse conflito. A Rússia não quer dar novos pretextos para debates sobre mais sanções. Já a Europa tenta travar por todos os meios esse processo, considerando que as sanções afetam negativamente seus próprios interesses.

Contudo, segundo referem alguns peritos, Angela Merkel pode vir a desempenhar o papel de intermediária nas negociações entre a Rússia e os EUA. Não foram planejadas reuniões oficiais entre Putin e Obama. Os líderes da Rússia e dos EUA irão, porém, estar presentes no almoço solene e os peritos não excluem a possibilidade de mais um encontro de bastidores. Tanto mais que, pela primeira vez depois do início da crise ucraniana, Obama reconheceu o direito da Rússia a defender seus interesses numa relação com os acontecimentos no leste da Ucrânia.

Um outro fator intrigante é a possibilidade de um encontro do líder russo com o recém-eleito presidente da Ucrânia Piotr Poroshenko. Os observadores referiam que mesmo que eles troquem duas frases, isso será visto como um sinal por parte de Putin que Moscou está disposta a dialogar com Kiev. E eis que eles realmente trocaram várias frases, antes do almoço oficial oferecido pelo presidente francês.

Se bem que o presidente russo tenha ainda na véspera declarado na sua entrevista à televisão TF1 e à rádio Europe 1 que a Rússia iria cooperar com as novas autoridades ucranianas, porque respeita a escolha do povo ucraniano. Putin sublinhou que durante a visita à Normandia não tencionava fugir de ninguém e que iria falar com todos. Moscou espera que as recordações comuns sobre os acontecimentos de há 70 anos sejam mais um motivo para evitar novos conflitos no continente europeu e para encontrar caminhos para o restabelecimento da paz na Ucrânia.

Voz da Rússia



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