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Quando vamos enfrentar seriamente os “banksters”?
Andrea OrcelAndrea Orcel, novo diretor de investimentos do Banco UBS e, antes, no Banco Merrill Lynch, arquiteto da incorporação, pelo RBS, do Banco ABN Amro em 2007 (incorporação que lhe rendeu comissão de £7,5 milhões, mas custou £45 bilhões aos contribuintes quando, adiante, o banco incorporador teve de ser “resgatado”) – pois Andrea Orcel parece dizer agora a verdade (ou afinal criou alguma coragem), ao admitir hoje que os bancos são “arrogantes demais” e que “a indústria bancária tem de mudar”.
Parece que afinal, embora com cinco anos de atraso, até os “mestres do universo” começam a ver a luz. Ora, ora, há mais felicidade no Paraíso para a alma que se arrependa... Mas 99% dos bancos restantes continuam a chafurdar no pecado.
Os banqueiros do Banco UBS disseram à Comissão Parlamentar [na Grã-Bretanha] de Investigação das Atividades dos Bancos, ontem, que, apesar de auditores rigorosíssimos terem determinado que 40 empregados do banco sabiam das violações da legislação trabalhista, só 18 foram demitidos. E a alta direção do banco negou que tivesse conhecimento das infrações à legislação trabalhista – embora tivessem sido discutidas em teleconferência e em listas de discussão interna por e-mail, no Banco, por mais de 70 funcionários. Deve-se concluir que os “altos diretores” são altamente incompetentes, altamente negligentes ou mentirosos altamente descarados.
Assim sendo, o que se deve fazer com os bancos e com os que, dentro dos bancos, criaram a gigantesca e prolongada recessão que hoje tanto faz sofrer nosso país e o mundo?
Relatório da Comissão Leveson e os "envolvidos" ( arte: Gary Barker)
Primeiro, deve instaurar-se (de fato, já devia estar ativa, porque toda a Coalizão [de governo] votou e aprovou a instauração de uma) comissão de inquérito com poderes amplos e independentes – semelhante à Comissão Leveson (ing. Leveson Inquiry) que investigou a imprensa – que terá a missão de investigar e expor todo o horror e a corrupção do sistema bancário na era do capitalismo neoliberal, particularmente na década que levou ao crash em 2007.
À luz do que seja investigado e exposto por essa Comissão – e a menos que se comprove que já estejam comprometidos demais, ou que são ineficientes demais, ou que estejam corrompidos demais para o que lhes exige a função – o Banco da Inglaterra e os “controladores” da Financial Services Authority (FSA) são as instituições que terão de atacar os bancos infratores (com multas, reestruturação, divisão em bancos menores) e condenar e punir os indivíduos que se comprovem culpados (com multas, desqualificação/desautorização para operar, cadeia).
Em segundo lugar, é indispensável que se demarque clara separação entre o braço de investimentos e o braço de serviços no varejo dos brancos (as recomendações do [relatório] Vickers [1], de que se construíssem “muralhas da China” entre partes dos banco, infelizmente, não foram adequadas).
Sir John Vickers e o Relatório sobre as Fraudes
Em terceiro lugar, é indispensável que se promova uma grande reestruturação do sistema bancário no Reino Unido, para assegurar que os bancos sirvam ao objetivo para o qual existem – servir aos interesses da indústria britânica, às famílias e aos cidadãos britânicos.
Hoje, os “Cinco Grandes” [orig. Big 5: bancos HSBC, Royal Bank of Scotland (RBS) Group, Lloyds Banking Group, Barclays e Standard Chartered] têm poder demais, há tempos vivem dedicados prioritariamente aos serviços de especulação e sonegação de impostos em escala industrial e são, de fato, infiscalizáveis. RBS e Lloyds devem ser mantidos estatizados e transformados em bancos nacionais de investimento para promover o indispensável renascimento do comércio e da manufatura regionais; e os bancos Barclays e HSBC, corrompidos muito além de qualquer possibilidade de recuperação, devem ser fracionados em vários pequenos bancos especializados, orientados para atender às necessidades ainda desatendidas de uma economia moderna e de alta tecnologia.
Em quarto lugar, a gestão monetária – componente criticamente importante para determinar a direção futura da economia – deve ser tomada de volta, arrancada das garras das “desregulações” da “Era Thatcher”, para que volte a ficar sob bom controle público democrático, de modo que o renascimento da indústria e de toda a economia britânica volte afinal a ser outra vez possível.
Redecastorphoto
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