Rússia – Estados Unidos: a luta pelo Irã
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Rússia – Estados Unidos: a luta pelo Irã


Rússia, EUA, Irã, política, diplomaciaWashington declarou que o acordo entre a Rússia e o Irã sobre suprimentos de petróleo para a Federação da Rússia pode ser sujeito a sanções por parte dos Estados Unidos. Esta declaração foi feita num momento em que as sanções contra o Irã estão sendo suavizadas, mas contra a Rússia, pelo contrário, estão aumentando.

Não terá a luta norte-americana contra esse acordo o objetivo de, em primeiro lugar, fortalecer o boicote da Rússia e não reforçar as sanções contra o Irã, o qual, não sem a aprovação dos Estados Unidos, aumentou drasticamente as exportações de petróleo este ano?

Em 5 de agosto Moscou e Teerã anunciaram a assinatura de um memorando sobre a intensificação das relações comerciais e econômicas. Particular atenção dos observadores chamou o parágrafo do documento sobre o acordo que recebeu o nome de código de “petróleo em troca de mercadorias”. Os primeiros relatos sobre o acordo surgiram no outono do ano passado, e as consultas bilaterais sobre este assunto levaram três anos.

Anteriormente, relatava-se que a Rússia pretendia comprar ao Irã quantidades enormes de petróleo: cerca de 500 mil barris por dia (cerca de 25 milhões de toneladas por ano), e o valor do negócio era estimado em 20 bilhões de dólares. Para efeito de comparação, o maior comprador de petróleo iraniano, a China, compra cerca de 420 mil barris por dia.

Em princípio, a ideia não é má, e é lucrativa para ambas as partes. Mas o volume de compras de petróleo anteriormente proposto é quase irreal. A Rússia não será capaz de absorvê-lo, nem revendê-lo para países terceiros. E fornecer mercadorias no valor de 20 bilhões de petrodólares também é problemático.

Hoje o memorando apresenta outros valores, dez vezes menores. Os suprimentos de petróleo iraniano devem totalizar 2,5 milhões de toneladas por ano. Este é um volume bastante mais realista com que a Rússia pode lidar, revender com lucro a outros países e usar os petrodólares para fornecer suas mercadorias ao Irã. No entanto, por enquanto isso não passa de declarações de intenções. A questão será resolvida em setembro.
É importante que a intensificação das relações russo-iranianas não é uma consequência da complicação das relações da Rússia com o Ocidente, com os Estados Unidos. Esta é uma importantíssima necessidade dos dois países que têm 500 anos de experiência comercial entre si. Mas, certamente, nas atuais circunstâncias, quando o Irã e a Rússia estão ambos sujeitos a sanções econômicas, seu movimento em direção ao outro adquire um novo sentido.
Há que notar que, ao cooperar com o Irã, a Rússia não está violando quaisquer normas internacionais, uma vez que Moscou não apoiou o conjunto de sanções unilaterais contra o Irã, incluindo restrições à compra de petróleo, introduzidas pelos Estados Unidos, a União Europeia e alguns outros países em 2012 ignorando a ONU. Ao mesmo tempo, a Rússia está cumprindo meticulosamente as sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU contra o Irã. Ao mesmo tempo, as iniciativas bilaterais russo-iranianas não contradizem as exigências do Conselho de Segurança da ONU.

No entanto, os planos do acordo “petróleo por mercadorías” agitou os norte-americanos. Afinal de contas, a sua implementação vai reforçar a posição do Irã nas “negociações nucleares”, com o sexteto, e no caso de elas falharem, garantirá a sobrevivência econômica do Irã. Por outro lado, a Rússia, que também foi sujeita a sanções, encontra no Irã, juntamente com outros países da Ásia, África e América Latina, uma alternativa ao Ocidente. Talvez seja mais o “fator russo” deste possível acordo que preocupa Washington?

É bem provável que nas recentes conversações secretas entre o Irã e os EUA em Genebra, além do tema declarado da questão nuclear iraniana, tenha também sido discutido o acordo russo-iraniano. É possível que tenha havido uma negociação: suavizar as exigências ao Irã nas “negociações nucleares”, levantar as sanções, garantir preferências econômicas futuras em troca da suspensão de projetos de desenvolvimento das relações econômicas com a Rússia.

Quase desde a primavera os Estados Unidos passaram a fechar os olhos às violações das sanções anti-iranianas por parte de outros países, e recentemente até mesmo suspenderam algumas sanções. Isso deu ao Irã a possibilidade de aumentar drasticamente a exportação de petróleo. Por exemplo, em 25% aos países asiáticos, e em 50% à China.

De modo geral, para o Irã é mais importante o levantamento das sanções e acesso direto aos mercados ocidentais. Negócio é negócio. Não admira que literalmente há poucos dias o vice-ministro iraniano do Petróleo Ali Majedi tenha dito que o Irã está disposto a atender a parte das necessidades da Europa em gás através do gasoduto Nabucco, ou seja, contornando a Rússia. Segundo ele, o gás iraniano é a única alternativa viável para a Europa.

Analistas políticos acreditam que, por Teerã não ter aliados políticos e ser livre em suas preferências, ele está disposto a vender petróleo a todos: tanto à Rússia como aos Estados Unidos, e gás à Europa.
Assim, os Estados Unidos, suavizando o regime de sanções contra o Irã, estão ao mesmo tempo impedindo ativamente o desenvolvimento de laços comerciais e econômicos russo-iranianos, acusando Moscou justamente de violação desse regime, o que, supostamente, irá enfraquecer o interesse de Teerã em alcançar um compromisso de longo prazo sobre o seu programa nuclear. Como se a suavização norte-americana não enfraquecesse esse interesse.

Não há dúvida: em torno do Irã está se formando uma intriga muito séria. E não só na solução da questão nuclear, mas também no que toca aos graves problemas econômicos globais. Setembro será o mês de decisões que, talvez, venham a dar respostas a muitas perguntas.

Voz da Rússia



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