De tudo
O diretor do quarto Departamento Europeu do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Andrei Maslov, concedeu um comentário exclusivo à Voz da Rússia sobre a problemática dos Bálcãs.
– O povo sérvio faz todo o possível para conservar o Kosovo e Metohija, apesar da intenção de Estados ocidentais de retirar estes territórios da composição da Sérvia. Qual é a posição da Rússia em relação a este problema?
– A posição da Rússia em relação à regularização no Kosovo permanece inalterada. Baseamo-nos firme e consequentemente nos princípios fundamentais do direito internacional, respeito pela soberania e integridade territorial dos Estados e suas fronteiras reconhecidas internacionalmente. A fidelidade de Moscou e Belgrado a estes princípios é salientada também na Declaração de Parceria Estratégica, assinada pelos presidentes da Rússia e Sérvia, em 24 de maio deste ano.
A experiência da história mundial e sobretudo da história balcânica dos últimos decênios indica o perigo das tentativas de mudar unilateralmente as fronteiras entre Estados. O principal documento internacional jurídico na regularização do Kosovo é a Resolução 1244 do Conselho de Segurança da ONU. A Rússia apoia consequentemente a Sérvia na questão da preservação de sua integridade territorial. Posições semelhantes ocupam muitos Estados, inclusive alguns membros da União Europeia e da OTAN. Partimos do princípio que os próprios sérvios definirão melhor os próprios interesses nacionais. Com a mediação da União Europeia, Belgrado mantém em Priština conversações a nível político sobre a regularização do problema do Kosovo, para nós será aceitável qualquer decisão que eles acordarem entre si.
– A Rússia e a Igreja Ortodoxa Russa não reconhecem a independência do Kosovo e Metohija. Durante a primeira visita oficial do chefe da Igreja Ortodoxa Sérvia à Rússia, o patriarca Irinei pediu ao Patriarcado de Moscou ajuda na preservação da Ortodoxia nesse território. Considera importante a participação do Patriarcado de Moscou na questão do Kosovo?
– É difícil sobrestimar a contribuição da Igreja Ortodoxa Russa e da Igreja Ortodoxa Sérvia na questão do fortalecimento dos laços seculares que unem nossos países. É compreensível que no momento difícil por que passa a ortodoxia sérvia na região de Kosovo e Metohija, a Igreja Ortodoxa Russa não pode ficar indiferente aos sofrimentos dos irmãos na fé na Sérvia. Sobre como o Patriarcado de Moscou poderá interagir com a Igreja sérvia, inclusive do Kosovo e Metohija, o melhor é falar com os próprios representantes das igrejas-irmãs.
– O problema de Kosovo não significa apenas a destruição dos santuários ortodoxos sérvios, mas também a existência de grupos terroristas de separatistas albaneses, o tráfico ilegal de armas e tráfico de drogas, como a Voz da Rússia relata com frequência. Terão os EUA, a UE e a Rússia um plano para a saída do impasse no Kosovo? Será possível alcançar isto em um futuro próximo?
– Realmente, o que ocorre na parte do território controlada por Pristina - desde a destruição da herança cultural de toda a humanidade e não apenas dos fiéis ortodoxos, até crimes de envergadura internacional - representa uma ameaça direta aos países vizinhos, a toda a Europa. Por exemplo, pessoas saídas do Kosovo passaram a integrar as fileiras da oposição radical na Síria. Todos os jogadores sérios na arena internacional devem estar interessados em evitar semelhantes fenômenos. É claro que somos a favor de uma conceção coordenada da Rússia, União Europeia e EUA, realizamos consultas regulares sobre a temática balcânica com colegas de departamentos da política externa.
No que se refere ao "plano", como eu já disse, o governo da Sérvia e as autoridades de Pristina escolheram o caminho das conversações com a ajuda da União Europeia, como ficou estabelecido na conhecida resolução da Assembleia Geral da ONU de setembro de 2010. No final de contas, o Kosovo juridicamente é parte do território sérvio e o governo da Sérvia tem o direito de resolver como agir.
– Qual é o papel dos meios de comunicação ocidentais na solução dos problemas do Kosovo? Sabe-se que a manipulação da opinião pública na Europa e EUA, as acusações contra a Sérvia nas vésperas do ataque da OTAN a Belgrado foram absolutamente sem precedentes. Como a Rússia e a Sérvia devem lutar pela influência sobre a opinião pública mundial?
– A responsabilidade dos meios de comunicação em tais questões sensíveis como zonas de conflito militar, tensão internacional, é, sem dúvida, extremamente grande. É inadmissível a substituição do quadro objetivo por um esquema no qual países e povos inteiros são intencionalmente divididos em bons e maus. Um exemplo de conceção ponderada dos temas relatados são tais meios de informação de massas como a Voz da Rússia e o canal de televisão Russia Today, que ganha rapidamente popularidade entre o público internacional.
– O presidente da Voz da Rússia, Andrei Bystritsky propôs criar um Portal comum balcânico na Internet, para exposição das opiniões dos políticos e especialistas sobre os problemas desta região complexa. Na sua opinião, tal portal será útil?
– Sim, antes de mais nada porque possibilitará orientar as paixões, que às vezes abalam os Bálcãs, para um curso mais tranquilo, mutuamente respeitoso e, naturalmente, para debates de especialistas. Espero que consigam atrair para a análise dos problemas regionais especialistas dispostos a partilhar pontos de vista profissionais sobre as questões balcânicas.
– Muito obrigado por suas respostas completas, úteis e informativas.
– Eu é que agradeço. Sempre à disposição e até à próxima.
Serguei Velev
Voz da Rússia
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Rússia: o Kosovo é parte do território sérvio
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– A posição da Rússia em relação à regularização no Kosovo permanece inalterada. Baseamo-nos firme e consequentemente nos princípios fundamentais do direito internacional, respeito pela soberania e integridade territorial dos Estados e suas fronteiras reconhecidas internacionalmente. A fidelidade de Moscou e Belgrado a estes princípios é salientada também na Declaração de Parceria Estratégica, assinada pelos presidentes da Rússia e Sérvia, em 24 de maio deste ano.
A experiência da história mundial e sobretudo da história balcânica dos últimos decênios indica o perigo das tentativas de mudar unilateralmente as fronteiras entre Estados. O principal documento internacional jurídico na regularização do Kosovo é a Resolução 1244 do Conselho de Segurança da ONU. A Rússia apoia consequentemente a Sérvia na questão da preservação de sua integridade territorial. Posições semelhantes ocupam muitos Estados, inclusive alguns membros da União Europeia e da OTAN. Partimos do princípio que os próprios sérvios definirão melhor os próprios interesses nacionais. Com a mediação da União Europeia, Belgrado mantém em Priština conversações a nível político sobre a regularização do problema do Kosovo, para nós será aceitável qualquer decisão que eles acordarem entre si.
– A Rússia e a Igreja Ortodoxa Russa não reconhecem a independência do Kosovo e Metohija. Durante a primeira visita oficial do chefe da Igreja Ortodoxa Sérvia à Rússia, o patriarca Irinei pediu ao Patriarcado de Moscou ajuda na preservação da Ortodoxia nesse território. Considera importante a participação do Patriarcado de Moscou na questão do Kosovo?
– É difícil sobrestimar a contribuição da Igreja Ortodoxa Russa e da Igreja Ortodoxa Sérvia na questão do fortalecimento dos laços seculares que unem nossos países. É compreensível que no momento difícil por que passa a ortodoxia sérvia na região de Kosovo e Metohija, a Igreja Ortodoxa Russa não pode ficar indiferente aos sofrimentos dos irmãos na fé na Sérvia. Sobre como o Patriarcado de Moscou poderá interagir com a Igreja sérvia, inclusive do Kosovo e Metohija, o melhor é falar com os próprios representantes das igrejas-irmãs.
– O problema de Kosovo não significa apenas a destruição dos santuários ortodoxos sérvios, mas também a existência de grupos terroristas de separatistas albaneses, o tráfico ilegal de armas e tráfico de drogas, como a Voz da Rússia relata com frequência. Terão os EUA, a UE e a Rússia um plano para a saída do impasse no Kosovo? Será possível alcançar isto em um futuro próximo?
– Realmente, o que ocorre na parte do território controlada por Pristina - desde a destruição da herança cultural de toda a humanidade e não apenas dos fiéis ortodoxos, até crimes de envergadura internacional - representa uma ameaça direta aos países vizinhos, a toda a Europa. Por exemplo, pessoas saídas do Kosovo passaram a integrar as fileiras da oposição radical na Síria. Todos os jogadores sérios na arena internacional devem estar interessados em evitar semelhantes fenômenos. É claro que somos a favor de uma conceção coordenada da Rússia, União Europeia e EUA, realizamos consultas regulares sobre a temática balcânica com colegas de departamentos da política externa.
No que se refere ao "plano", como eu já disse, o governo da Sérvia e as autoridades de Pristina escolheram o caminho das conversações com a ajuda da União Europeia, como ficou estabelecido na conhecida resolução da Assembleia Geral da ONU de setembro de 2010. No final de contas, o Kosovo juridicamente é parte do território sérvio e o governo da Sérvia tem o direito de resolver como agir.
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Serguei Velev
Voz da Rússia
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