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RÚSSIA E CHINA FECHAM ACORDO PARA AUMENTAR LAÇOS MILITARES
China e Rússia comprometeram-se a fortalecer a cooperação militar bilateral e a promover exercícios navais conjuntos para conter a influência dos EUA na região da Ásia-Pacífico, em meio a um coro cada vez maior de vozes alertando para a aproximação de uma "nova Guerra Fria". Durante visita a Pequim, onde se encontrou com seu homólogo chinês e com o primeiro-ministro do país, Li Keqiang, o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, disse que os dois lados expressaram "preocupação com as tentativas dos EUA de reforçar sua influência política militar na região da Ásia-Pacífico", segundo noticiaram as mídias estatais chinesa e russa.
"Nossa cooperação nas esferas militares tem grande potencial e o lado russo está pronto para desenvolvê-lo ao longo do espectro de áreas mais amplo possível", disse Shoigu. "Vemos a formação de um sistema de segurança regional coletivo como objetivo primário de nossos esforços conjuntos".
A delegação russa também traçou um paralelo entre as demonstrações pró-democracia em Hong Kong e as chamadas "revoluções coloridas" em ex-repúblicas soviéticas, como a Ucrânia, que China e Rússia sustentam ter sido instigadas pelos EUA e seus aliados.
Anatoly Antonov, vice-ministro da Defesa russo, deu a impressão de que a Rússia estaria disposta a ajudar Pequim a eliminar os protestos pacíficos em Hong Kong.
"Tomamos nota dos eventos que aconteceram recentemente em Hong Kong e os dois ministros reconheceram que nenhum país pode se sentir seguro contra as revoluções coloridas", disse Antonov, de acordo com a mídia estatal russa. "Acreditamos que a Rússia e a China deveriam trabalhar juntas para opor-se a esse novo desafio à segurança de nossos Estados."
Os dois lados acertaram realizar exercícios navais - o que acontecerá pela quarta vez nos últimos anos - no Mediterrâneo na próxima primavera setentrional, e também no Pacífico.
O ministro da Defesa da China Chang Wanquan e o ministro da Defesa da RússiaSergei Shoigu, em Pequim. 18 Nov 2014 Foto - Agência XinhuaNum momento em que os combates se intensificam no leste da Ucrânia e os vizinhos da Rússia se preocupam com a crescente beligerância de Moscou, Pequim descreveu as relações sino-russas como as melhores que já tiveram.
A situação na Europa levou o ex-líder soviético Mikhail Gorbatchov a advertir na semana passada que o mundo está à beira de uma nova Guerra Fria, sentimento compartilhado por autoridades bielorrussas na terça-feira.
Diante da perspectiva de novas sanções ocidentais, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, busca aproximar-se da China para demonstrar que tem opções econômicas e estratégicas e que não está isolado no cenário mundial.
Os dirigentes autoritários da China deram as boas-vindas às aberturas, num momento em que elevam o tom de suas reivindicações territoriais no mar do Leste da China e no mar do Sul da China, e tentam confrontar vizinhos de menor porte e o Japão, seu inimigo na Segunda Guerra Mundial.
Mas ambas as partes continuam cuidadosas em se aproximar demais e têm dificuldades em superar uma longa história de desconfiança e desprezo mútuos, segundo especialistas chineses e ocidentais que monitoram o relacionamento. Apesar de se falar muito em estreitamento de laços militares e em manobras conjuntas, a Rússia até o momento se recusou a vender sua tecnologia militar mais avançada, como motores de jato e caças, à China. Pequim tentou contrabalançar sua aproximação com Moscou com uma maior colaboração com os Estados Unidos e seus aliados, enquanto Putin buscou intensificar as relações com Tóquio, para desalento da China.
Na mesma hora em que Shoigu se reunia com seu colega chinês Chang Wanquan, na terça-feira, uma alta autoridade do Partido Comunista Chinês visitava a Finlândia, que está em estado de alto alerta para o menor sinal de invasão da parte da Rússia.
Ao mesmo tempo, uma delegação do mais alto nível da Coreia do Norte se reuniu com Putin no Kremlin, em meio a especulações de que o dirigente do país, Kim Jong Un, faria sua primeira visita externa como líder à Rússia, e não à China, sua tradicional aliada.
Autoridades chinesas dizem que os laços entre Pyongyang e Pequim chegaram a seu ponto mais baixo de todos os tempos desde que Kim assumiu o país ermitão.
Durante a visita do ministro da Defesa, a Agência Espacial Federal da Rússia também discutiu uma cooperação mais estreita com a China, que está interessada em montar motores de foguete russos e em integrar os projetos de exploração espacial tripulada, de sensoriamento remoto e de satélite de navegação, segundo a mídia estatal russa.
Nota DefesaNet
Os acordos entre os dois ministros de defesa da Rússia e da China seguem-se após amplos acordos de colaboração tecnológica firmados durante o China Air Show. O acordo inclui participação dos dois países em mísseis, aeronaves militares, helicópteros, eletrônica e outros sistemas militares avançados
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