Síria condena decisão da Liga Árabe de suspender país
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Síria condena decisão da Liga Árabe de suspender país


Premiê sírio Walid Muallem concede entrevista coletiva em Damasco

Chanceler do governo de Assad diz que resolução do grupo representa 'um passo perigoso' e que seu país 'não se dobrará'

O ministro sírio de Relações Exteriores, Walid al Muallem, qualificou como "perigosa" a decisão da Liga Árabe de suspender a participação de seu país na organização, e reiterou que se trata de uma resolução ilegal por não contar com unanimidade.

"A decisão da Liga Árabe de suspender a Síria representa um passo perigoso. A Síria paga o preço de suas posições firmes, mas não se dobrará e sairá mais forte, pois os complôs planejados contra o país fracassarão", disse o chanceler.
A Liga Árabe suspendeu a Síria no sábado e pediu que seu Exército parasse de matar civis, uma medida inesperada que alguns líderes ocidentais avaliaram que poderia desencadear ações internacionais mais duras contra o presidente do país Bashar al-Assad. A ação das tropas do governo sírio contra as revoltas que pedem a saída do atual governo, segundo a ONU, deixaram 3,5 mil mortos.
A decisão do grupo foi aprovada por 18 dos 22 membros da Liga com voto contra do Líbano e do Iêmen e abstenção do Iraque. Os ministros acordaram que a resolução será aplicada a partir da próxima quarta-feira, a menos que uma reunião em Rabat considere que Damasco mudou de atitude e está cumprindo com os requisitos do plano árabe.
Apesar da afirmação, o ministro descartou a eventualidade de uma intervenção estrangeira no país. "A Síria não é a Líbia. O cenário líbio não se repetirá, o povo sírio não deve ficar preocupado".

"Somos favoráveis a aplicar o plano árabe porque este plano segue a postura síria", disse Muallem, que enumerou uma série de gestos positivos de seu Governo como a libertação de 80 detidos durante a festa muçulmana do Sacrifício. O ministro criticou declarações recentes de responsáveis americanos e a atitude da Liga Árabe de não ter respondido a elas. "EUA é um membro extra-oficial da Liga Árabe", declarou.
Muallem também falou sobre a Rússia e a China que se opõem à intervenção estrangeira no país e, no Conselho de Segurança, vetaram resoluções da ONU que propunham sanções para a Síria. "A posição de Rússia e China, contrárias a uma intervenção estrangeira na Síria, não mudarão, já que estamos em coordenação e em consultas com eles."

Rússia

A Rússia se manifestou nesta segunda-feira contra a ação da Liga Árabe no país e diz acreditar que as nações do Ocidente estão incitando os opositores do presidente Assad a pressionar por sua renúncia, segundo o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.
Agências de notícias russas disseram que Lavrov também reiterou a oposição de Moscou a qualquer sanção internacional contra o Irã por conta de seu programa nuclear, e disse que outros países estavam alimentando tensões para justificar a imposição de sanções unilaterais.
Seus comentários ressaltaram os desacordos do Kremlin com o Ocidente e com outros países sobre como encerrar os meses de violência na Síria e persuadir o Irã a abordar as preocupações internacionais de que estaria desenvolvendo tecnologias voltadas para construção de armas nucleares.
"Acreditamos ser errado suspender a Síria na Liga Árabe", disse Lavrov, segundo a agência estatal de notícias RIA. O ministro viajava de volta a Moscou após a cúpula Ásia-Pacífico, no Havaí, acompanhado do presidente Dimitri Medvedev. "Aqueles que tomaram essa decisão perderam uma oportunidade muito importante para tornar a situação mais transparente."

Líbano

O Líbano, um dos países que votou contra a suspensão da Síria, afirmou que não retirará seu embaixador da Síria pois se opõe às sanções que a Liga Árabe aprovou contra o país, apontou o ministro das Relações Exteriores libanês, Adnan Mansur.
"Não retiraremos o embaixador do Líbano na Síria, Michel Khoury, e não aceitamos as sanções porque somos contra isolar um país árabe", disse Mansur
O titular das Relações Exteriores advertiu que a instabilidade no país vizinho "repercutirá de modo negativo nos Estados da região" e explicou que o Líbano apoia a aplicação de reformas na Síria porque se preocupa com sua estabilidade. Mansur acrescentou que seu governo demonstrou disposição para cooperar com a Liga Árabe na hora de resolver a crise na Síria.
Em declarações ao jornal L'Orient-Le Jour, Mansur disse que "se Beirute tivesse aprovado a decisão da Liga, que prevê sanções econômicas contra a Síria, ou se tivesse se abstido como o Iraque, Damasco teria fechado imediatamente suas fronteiras com o país ou pelo menos teria posto impedimentos no tráfego".
Nesse sentido, o ministro lembrou as longas filas de caminhões nas fronteiras quando as autoridades sírias decidiram intensificar a fiscalização em busca de armas e os distúrbios que essas medidas provocaram. "Os países do Magrebe e do Conselho de Cooperação do Golfo não têm uma fronteira comum de 330 km com a Síria", acrescentou.

'Em seu lugar, eu renunciaria'

O rei Abdullah da Jordânia afirmou em entrevista a BBC que o presidente sírio Bashar al-Assad deveria renunciar pelo interesse do seu país. "Eu acredito que se eu estivesse em seu lugar, eu renunciaria", disse. "Eu renunciaria e asseguraria que meu substituto tivesse a habilidade de mudar o status quo que temos visto."
Leia também: Rei da Jordânia aumenta pressão por renúncia de presidente sírio

O país tem tomado uma posição crítica em relação ao massacre das tropas do governo contra os civis. O rei Abdullah disse que o presidente deveria começar uma nova era de diálogo político antes de deixar o gabinete.
"Se Bassar tem interesse por seu país, ele renunciaria, mas também criaria uma forma de iniciar uma nova fase na vida política da Síria."
A Jordânia não é o primeiro país árabe a criticar o derramamento de sangue na Síria. Os embaixadores da Arábia Saudita e do Catar deixaram Damasco em protesto contra a repressão.
Assad mostra que tem poder e apoio

Manifestantes pró Assad se protestam em Damasco
Milhares de manifestantes se concentraram neste domingo no centro de Damasco para expressar seu apoio ao presidente sírio Bashar al Assad e denunciar a decisão da Liga Árabe de excluir a Síria de sua organização.
Na noite de sábado, manifestantes atacaram a embaixada da Arábia Saudita em Damasco. O país condenou o ataque e acusou as forças de segurança sírias de não impedir a entrada de manifestantes partidários do regime de Bashar al-Assad no edifício. A embaixada do Catar também foi atacada, assim como os consulados da Turquia e da França em Latakia, 330 quilômetros ao norte de Damasco, segundo testemunhas. Neste domingo, a Turquia decidiu retirar da Síria as famílias de seus diplomatas.
Manifestas pró-Assad fazem protesto em Damasco, um dia depois da Liga Árabe suspender a participação da Síria

"O povo ama Bashar al Assad", cantavam os manifestantes reunidos na praça Sabaa Bahrat, agitando bandeiras nacionais e exibindo fotos do presidente.
A tv síria mostrou imagens de manifestações a favor de Assad também na Praça dos Omeyas de Damasco, em Aleppo (norte), Latakia (oeste) e outras cidades sírias.
A Liga Árabe anunciou neste sábado a suspensão da Síria da organização e ameaçou Damasco com sanções. A violência no país continuou hoje com a morte de seis civis e nove agentes da segurança durante operações de repressão e confronto, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A decisão da Liga foi motivada pelo não cumprimento do plano para saída da crise elaborado pela instituição Pan-árabe.

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