Submarino nuclear começa a sair do papel
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Submarino nuclear começa a sair do papel


Partes do casco da 1ª embarcação chegaram em junho. Investimento em base naval e estaleiro é de R$ 7,8 bi

Em construção. Unidade de fabricação de estruturas metálicas, em Itaguaí: desde 2010, 365 brasileiros passaram por um treinamento na França.

O submarino nuclear brasileiro começou a tomar forma, há poucos dias, no centro tecnológico da Marinha em Itaguaí (RJ). Em junho, chegaram da França as seções do primeiro dos cinco submarinos que deverão ficar prontos entre 2018 e 2025 – quatro convencionais e o último, de fato, com propulsão nuclear. Seções são partes do casco dos submarinos onde serão inseridos os componentes que vão formar o interior do veículo. Paralelamente à chegada dessas seções, as obras de R$ 7,8 bilhões para construção do estaleiro e da base naval estão em ritmo intenso, com mais de 40 mil trabalhadores diretos e indiretos nas proximidades da área da Marinha na Costa Verde.

A importância da construção dos submarinos que vão rastrear toda a costa brasileira, defendendo nossas fronteiras e reservas naturais, tornou-se mais relevante na semana passada, quando o único alvo de espionagem pelos EUA considerado abertamente por autoridades do governo foi o petróleo do pré-sal, apontado pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, na quinta-feira.

Itaguaí foi escolhido para abrigar o berço dos submarinos por ficar equidistante dos até então descobertos limites norte e sul das bacias petrolíferas do Atlântico. Mais de 90% do petróleo do Brasil são encontrados no mar, por onde passam 95% do nosso comércio exterior. Daí também o caráter estratégico dos submarinos na proteção de nossas costas.

A construção das seções começou na França, em maio de 2010, e, em maio deste ano, elas foram enviadas ao Brasil. A sua chegada deverá ser anunciada oficialmente nos próximos dias pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, em Itaguaí. As duas seções que chegaram da França pesam 220 toneladas cada, medem 25 metros de comprimento, com seis metros de largura e 12 metros de altura. A elas serão unidas outras duas seções que já estão em construção aqui no Brasil, na Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem), inaugurada pela presidente Dilma Rousseff em março.

Transferência de tecnologia

O Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) da Marinha passa por um acordo estratégico entre os governos de Brasil e França, no qual o país europeu deverá transferir parte da tecnologia de construção de submarinos para cá (exceto a propulsão nuclear em si, cuja tecnologia é totalmente nacional). Desde 2010, 365 brasileiros já passaram pela França para serem treinados, entre oficiais da Marinha e funcionários das empresas parceiras, notadamente da Odebrecht, principal responsável pelas obras do estaleiro e da base naval. Essa transferência de tecnologia é estimada em 100 milhões e envolve 89 projetos.

Além da França, apenas China, EUA, Inglaterra e Rússia detêm o domínio tecnológico da propulsão nuclear para embarcações. O Brasil já conseguiu desenvolver os principais aspectos para mover uma embarcação por energia nuclear, mas o principal desafio do governo ainda é reduzir as proporções do motor, de modo que ele caiba dentro da carcaça desejada para o submarino. No ano passado, teve início o projeto básico para composição do submarino nuclear, que, segundo o governo, já está em nível “bastante avançado”, conforme declaração recente do ministro Amorim.

Segundo cronograma da Marinha Brasileira, é neste ano que será atingido o pico de nove mil trabalhadores diretamente empregados na construção dos navios. Além desses, outros 27 mil empregos indiretos serão gerados. Com base na estimativa de que mais da metade dos empregados da Odebrecht moram em Itaguaí, a Marinha conclui que aproximadamente R$ 7,3 milhões são lançados mensalmente no comércio da cidade.

FONTE: O Globo , Danilo Fariello



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