De tudo
José e Pilar
Fui assistir ao documentário sobre Saramago. Optaram por mostrar sua vida do ponto de vista da sua relação com Pilar. Achei acertado e humano.
É comovente vê-lo na faina diária, e tenho particular predileção pelas cenas em sua mesa de trabalho.
Taí um registro que seria facilmente assinado por mim.
Não estou me alçando à tamanha capacidade técnica, nem estou dizendo que faço igual. Mas compartilho o ponto de vista de quem decidiu o fio condutor da obra.
Amo detalhes, pois acho que eles entregam o que há de mais autêntico em nós. O pé na pantufa, os dedos entrelaçados, o copo de leite trazem a mim o homem, o ser, o conjunto humano imperfeito e falho que labora a obra prima.
Não me atrevo a opinar sobre a posição política do escritor e sua tumultuada relação com Portugal. Deixo essa tarefa pra Isa , portuguesa da gema e, portanto, com maior propriedade no assunto.
As imagens são belíssimas. Portugal e Espanha retratados como um luxuoso pano de fundo dessa trajetória soberba. Não conhecia mas pretendo acompanhar os trabalhos do diretor português Miguel Gonçalves Mendes.
Me impressiona o fato de Saramago ter começado a escrever aos sessenta anos. E esse fato para mim explica a consistência da sua obra. São idéias amadurecidas, trabalhadas no processo de uma vida.
Esse é outro ponto forte do documentário. É uma obra honesta. Claro que a ideologia está lá, nem teria como ser diferente pois José e Pilar são pessoas ideologicamente comprometidas e vivem em coerência com sua forma de pensar. Mas essa ideologia é apenas uma face do retrato. Não é bandeira do filme.
O contraponto de temperamento do casal é divertido e interessante. Pilar é o vento que sopra em Lanzarote. Espanhol, impetuoso e veemente. Saramago é de uma sagacidade melancólica e serena.
Produzem juntos um senso de humor delicioso, complementar e único.
Momento total vergonha alheia do leitor brasileiro na fila de autógrafos pedindo ao escritor que desenhasse um hipopótamo. Assistindo eu queria morrer. Se estivesse presente no fato, matava o desgraçado.
A obra é emocionante sem ser piegas, o amor dos dois é lindo sem ser água com açúcar e temos do escritor um retrato digno, comovente e humano, sem nenhuma dramaturgia, repleto apenas de vida.
Ainda não li A Viagem do Elefante, livro que o Saramago estava escrevendo na época do documentário mas tenho certeza de que quando vier a fazê-lo, Saramago e Pilar estarão comigo.
É filme pra ver no cinema e mais tarde comprar o DVD. Recomendo muito.
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