O Instituto Lula, que representa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticou fortemente Rodrigo Janot após o vazamento do pedido do procurador-geral da República de transferir as denúncias contra o petista do Supremo Tribunal Federal para o juiz Sérgio Moro, responsável pelo julgamento da Operação Lava Jato em primeira instância na Justiça Federal.
De acordo com o instituto, o movimento de Janot de divulgar o documento sigiloso enviado a Moro foi exatamente na direção contrária do que afirmou o PGR nesta semana, quando condenou e negou publicamente o uso de vazamentos ilegais por parte do Ministério Público.
"Foi mais um movimento claramente direcionado a indispor o ex-presidente Lula com a opinião pública e a constranger o Supremo Tribunal Federal", diz nota divulgada neste sábado (11). "O combate à corrupção e à impunidade – fortemente impulsionados no Brasil pelos governos Lula e Dilma – não justificam as práticas arbitrárias que estão se tornando corriqueiras nos tempos recentes."
Reafirmando que "o vazamento de documentos da PGR contra Lula já se tornou sistemático", por meio ainda de citações de casos anteriores, como como a denúncia de Delcídio do Amaral e as conversas entre o petista e Dilma Roussef, o instituto ressalta que "a cumplicidade entre MP e imprensa" se tornou uma das práticas "mais daninhas ao estado de direto" por promover o que chama de "julgamento pela imprensa".
"O vazamento soa como um desafio ao discurso de Rodrigo Janot. O procurador-geral deveria voltar a público e esclarecer mais um episódio direcionado contra o ex-presidente Lula", resume a nota.
Denúncia
Além de Lula, o processo encaminhado por Janot a Moro inclui o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS); seu assessor Diogo Ferreira; o advogado Edson Ribeiro; o pecuarista José Carlos Bumlai e seu filho Maurício Bumlai; e o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual.
Na denúncia, o senador cassado era a única pessoa que tinha direito a foro privilegiado, o que segurava o processo com todos os demais envolvidos no STF, responsável por julgar pessoas com o privilégio. Com a queda de Amaral, o quadro mudou..
A remessa dos autos terá agora de ser autorizada pelo ministro Teori Zavascki, responsável pela Lava Jato no Supremo. O caso já estava sob sua apreciação antes da formulação do pedido de Janot.
Não há prazo para que o ministro da mais alta Corte do País decida sobre o assunto. A denúncia contra o ex-presidente foi feita no inquérito que investiga se houve uma trama para comprar o silêncio e evitar a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
FONTE:IG