Pessoas próximas ao ex-presidente Lula admitem que a condenação do ex-ministro José Dirceu a uma pena de 23 anos de detenção deixou o líder petista extremamente abatido. Lula, que já se mostrava apático após o afastamento da presidente Dilma do cargo, passou a demonstrar pouco interesse em participar de debates, viagens e até mesmo reuniões do PT.
Membros da cúpula do partido asseguram que o ex-presidente não tem nenhum problema de saúde, mas tem demonstrado total desinteresse em discutir a sobrevivência da legenda. O "desânimo" de Lula é atribuído à falta de uma narrativa mais convincente. Segundo interlocutores, o ex-presidente não se sente mais confortável em defender a versão de que Dilma foi vítima de um golpe de Estado, ou um golpe parlamentar. Ainda que de forma reticente, Lula prefere abordar o assunto de forma mais "genérica", afirmando que foi a democracia no Brasil sofreu um"golpe" das elites.
Mas o que mais tem preocupado seus correligionários tem sido a falta de vigor do ex-presidente e sua falta de "disposição" de participar de eventos em defesa de Dilma e do PT.
- "Ele está preocupado com uma série de coisas - defende um auxiliares - Não é apenas o afastamento da Dilma. Tem os vazamentos sobre detalhes da denúncia da PGR, o silêncio do pessoal de Curitiba sobre ele e a família e agora a dura condenação do Zé (José Dirceu). É muita coisa na cabeça dele", afirmou um interlocutor "em Off", ao final de uma entrevista de Lula ao Actualidad, um canal russo em espanhol nesta quarta-feira, 18. O mesmo canal entrevistou a presidente afastada, Dilma Rousseff no dia seguinte.
Mas existe outro assunto que que se tornou tabu no partido e diz respeito à pesquisas de opinião: o ex-presidente estaria bem próximo de um dígito de avaliação positiva entre os brasileiros, algo similar à baixíssima taxa de aprovação de Dilma. Lula não fala no assunto, mas não esconde sua contrariedade com os últimos relatórios que leu.
vivaimprensa